Calçadistas de Brasil e Argentina se reúnem contra a “invasão” de produtos da China

  • Roberto Pascoal
  • Publicado em 14 de março de 2023 às 13:00
  • Modificado em 14 de março de 2023 às 13:43
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O encontro tratou, ainda, da criação de uma possível moeda única para o Mercosul

O encontro tratou, ainda, da criação de uma possível moeda única para o Mercosul

Representantes da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) e da Câmara da Indústria de Calçados da Argentina (CIC) estiveram reunidos para debater o comércio bilateral do setor.

O destaque da pauta foi a importância da manutenção da Tarifa Externa do Mercosul (TEC) para impedir uma possível “invasão” de produtos chineses nos dois países.

O presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, ressalta que o encontro foi bastante produtivo. A Argentina, segundo ele, vem sofrendo com o aumento das importações de calçados, principalmente provenientes da China.

Desde que a China flexibilizou a política de Covid Zero e voltou com apetite ao mercado, calçadistas vêm encontrando problemas. Conforme dados elaborados pela Abicalçados, no ano passado entraram no Brasil quase US$ 50 milhões em calçados chineses, 34,6% mais do que em 2021.

Já na Argentina o resultado foi ainda mais preocupante, tendo entrado no país vizinho o equivalente a US$ 88,7 milhões em calçados provenientes da China, uma alta de 438% em relação a 2021.

“O fim da TEC, hoje em 35% para calçados importados de países de fora do Mercosul, abriria o caminho para uma invasão chinesa nas prateleiras brasileiras e argentinas”, alerta Ferreira, ressaltando que não é uma questão de protecionismo e sim de defesa comercial.

“A entrada indiscriminada de calçados asiáticos provocaria uma quebradeira no setor, gerando uma onda de desemprego. Não temos condições de competir em condições equânimes com um país que pratica dumping – preços para exportação abaixo dos praticados no mercado interno – e não respeita as legislações trabalhistas e de sustentabilidade”, acrescenta.

O encontro tratou, ainda, da criação de uma possível moeda única para o Mercosul, que está sendo debatida pelos governos dos dois países, a normalização dos fluxos de pagamentos das importações na Argentina e sobre a importância crescente da sustentabilidade na cadeia produtiva do calçado.

“Apresentamos o Origem Sustentável, único programa de certificação em ESG para a cadeia do calçado no mundo. Os colegas argentinos ressaltaram essa importância, até como forma de competir com os calçados asiáticos, que não possuem esse apelo que é uma exigência do consumidor em nível mundial”, conta o executivo da Abicalçados.

Participaram do encontro, além do presidente-executivo da Abicalçados, o presidente do Conselho Deliberativo e o gestor de Projetos da entidade, Caetano Bianco Neto e Cristian Schlindwein. Da CIC participaram Horacio Moschetto, Nestor Corbera e Damian Gravagna.


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