Banco Central diz que estuda mudanças na fórmula de correção da poupança

  • Cláudia Canelli
  • Publicado em 27 de novembro de 2021 às 09:00
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Mudança deve ser faseada, de uma forma bastante lenta, porque senão pode criar ruptura em crédito e atrapalhar o mercado

Num cenário de subida de juros, o setor imobiliário demonstra preocupação com o aumento dos saques na poupança.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que a instituição tem estudado mudanças na fórmula de correção da caderneta de poupança, mas ponderou que qualquer alteração precisa ser feita de forma “bastante lenta”.

Campos Neto fez a declaração durante evento virtual promovido pelo Secovi-SP, sindicato de habitação de São Paulo. Ele foi questionado sobre a possibilidade de criação de uma caderneta de poupança indexada ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país.

“A gente tem estudado muito o tema da poupança, existe obviamente uma vontade de fazer mudanças na poupança”, afirmou.

“Concordo que em algum momento a gente deveria estar pensando em anunciar uma fórmula de poupança que fosse, primeiro, mais ‘hedgeável’ e, depois, mais casada com a destinação dos recursos. Isso é uma coisa que a gente tem olhado”, resumiu.

Como é a correção hoje?

A correção dos depósitos em caderneta de poupança está atualmente atrelado à Selic, a taxa de juros básica da economia brasileira que é definida pelo Banco Central.

Pela regra em vigor desde 2012, quando a Selic está em até 8,5% ao ano, a correção da poupança é limitada a 70% dos juros básicos mais a Taxa Referencial (TR, calculada pelo Banco Central e que está em zero desde 2017).

Atualmente, a taxa de juros está em 7,75% ao ano. Com isso, a poupança rende 5,43% ao ano, ou 0,44% ao mês.

A caderneta de poupança tem, segundo resolução do Banco Central, a “finalidade de promover o financiamento imobiliário em geral, por meio da captação e do direcionamento dos recursos de depósitos de poupança”.

Captação

Ou seja, o setor imobiliário capta recursos através das cadernetas de poupança, entre outros investimentos, para financiar a construção de imóveis, por exemplo.

Num cenário de subida de juros, o setor imobiliário demonstra preocupação com o aumento dos saques na poupança.

De janeiro a outubro deste ano, foi registrada saída líquida (saques superiores às retiradas) de R$ 30,779 bilhões da poupança, segundo dados do Banco Central.

Foi a maior retirada de recursos para o período desde 2016, quando houve a saída de R$ 53,251 bilhões da modalidade. A série histórica do Banco Central começa em 1995.


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