Comum, Síndrome do Intestino Irritável já acomete 20% da população mundial

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  • Publicado em 17 de maio de 2017 às 14:22
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:11
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Sintomas são semelhantes aos da doença celíaca, com inchaço e estufamento do abdômen e outros

Uma sensação desconfortável de inchaço e estufamento no abdômen, evacuação frequente e urgente (diarreia), flatulência e cólicas que aliviam após defecar, são sintomas comuns da Síndrome do Intestino Irritável (SII). A doença afeta cerca de 20% da população mundial.

Os sintomas são semelhantes aos da doença celíaca, que não tem cura. A SII, no entanto, pode ser tratada e os sintomas desaparecem completamente com acompanhamento médico especializado de longo prazo.

“É um distúrbio funcional do intestino. Doença comum, crônica e que afeta o intestino grosso (cólon), que começa a dar sinais de que não está funcionando direito”, explica o gastroenterologista e cirurgião do aparelho digestivo, Gilberto Lopes.

Segundo ele, a doença celíaca é uma alergia permanente ao glúten, que é a proteína do trigo, da cevada e do centeio. “Nos celíacos, o glúten causa uma resposta do sistema imunológico na região do intestino delgado que provoca inflamações graves que chegam a atrofiar as células que absorvem os nutrientes dos alimentos. Frequentemente, o paciente apresenta anemia, baixa estatura e desnutrição. Na Síndrome do Intestino Irritável isso não acontece”, explica.

Outra diferença é que a doença celíaca normalmente se manifesta na infância, enquanto a SII aparece geralmente na idade adulta. “Mas o contrário também pode ocorrer. Por isso mesmo, havendo sintomas, o caso deve ser investigado por um especialista”, reitera o médico.

O paciente com SII também pode apresentar períodos de constipação intestinal e flatulência excessiva.  Os pacientes com predomínio de diarreia apresentam mais de três evacuações/dia, fezes líquidas e/ou pastosas e necessidade urgente de defecar.  Os com constipação evacuam menos de três vezes/semana, as fezes são duras e fragmentadas e realizam esforço excessivo para evacuar. A dor abdominal é uma queixa comum nos dois casos. “A dor é do tipo cólica, mais localizada na porção inferior do abdome, que alivia quando acontece a evacuação”, destaca.

De acordo com o especialista, no cotidiano do consultório médico, alterações psicológicas como depressão e ansiedade são frequentes em pacientes com Síndrome do Intestino Irritável. Segundo ele, o estresse é um agravante para quem tem SII.

“É possível que essas pessoas sintam de maneira mais intensa a estímulos menores. Nos momentos de estresse, os sintomas da doença costumam se agravar. No entanto, a ideia de que o estresse causa a síndrome não é comprovada. Em alguns casos, encaminhamos o paciente para um acompanhamento psiquiátrico ou psicológico, associado ao tratamento gastrointestinal”, diz o médico.

Diagnóstico e tratamento

Exames que detectam anticorpos contra o glúten e uma biópsia de intestino para investigar a atrofia celular podem ser necessários para descartar o diagnóstico de doença celíaca.

Para os celíacos, o único tratamento possível é a retirada total do glúten da alimentação. Alguns sintomas causados pela SII, como diarreia, gases e desconforto gastrointestinal, também são controlados com uma dieta restritiva.

“O primeiro passo é retirar da alimentação tudo o que pode estar causando os sintomas. Aos poucos vamos reintroduzindo os alimentos por grupos. O objetivo é entender qual ou quais deles estão acusando o problema”, explica Lopes.

Em alguns casos, os alimentos com glúten são retirados da dieta. Porém, diferentemente do que acontece com os celíacos, que tem que se abster completamente da proteína por toda a vida, os que têm intestino irritável têm mais flexibilidade com a alimentação. “Uma vez que os sintomas desaparecem, a dieta pode voltar ao normal”, reitera o médico.

Segundo ele, medicamentos são indicados apenas para aliviar os sintomas, como diarreia, constipação ou dor abdominal.

O acompanhamento médico de longo prazo é fundamental. “O paciente precisa compreender sua doença e a relação que ela tem com os alimentos que consome. Um diário alimentar correlacionando sintomas com os alimentos ingeridos previamente pode ser capaz de detectar alimentos desencadeantes”, destaca.

“Como os medicamentos apenas aliviam os sintomas, o tratamento da SII se transforma em uma relação de confiança entre médico e paciente. Juntos irão descobrir quais os alimentos que provocam os sintomas, quando devem ser excluídos e reintroduzidos na dieta”, complementa o especialista.