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Primeiros registros da divisão do dia em períodos menores por uma civilização é de 1.500 a.C

Primeiros registros da divisão do dia em períodos menores é de 1.500 a.C – foto Arquivo
Para responder a essa pergunta, precisamos voltar para 1.500 a.C. É desta época que datam os primeiros registros de uma civilização dividindo o dia em períodos menores.
No caso, eram os egípcios, que usavam relógios solares (estacas colocadas no chão que produziam sombras diferentes dependendo da posição do Sol) para marcar o intervalo entre o nascer e o pôr do Sol.
Esse intervalo era dividido em 12 partes, pelo simples motivo de os egípcios preferirem usar o sistema duodecimal.
Hoje, nós costumamos usar o sistema decimal (que divide tudo em 10 partes) para tudo, desde as medidas de distância até a massa de um objeto.
No entanto, para os egípcios, o costume era usar o duodecimal — especula-se que por 12 ser o número de ciclos lunares em um ano, ou então o número de segmentos nos dedos de uma mão (excluindo o dedão).
Naquela época, o dia e a noite não eram entendidos como duas partes de uma coisa só, mas como dois fenômenos distintos.
Para marcar a passagem de tempo durante a noite, como não se podia utilizar o relógio solar, os egípcios observavam as estrelas ou usavam os clepsidras (relógios de água).
No entanto, as horas não tinham tamanhos fixos — costumavam ser mais longas no verão e mais curtas no inverno.
Foi só bem mais pra frente, na Grécia antiga, que surgiu a ideia de dividir um dia em 24 horas e ter todas as horas com a mesma duração.
O primeiro a sugerir isso foi o astrônomo Hiparco (190 a.C. – 120 a.C.). Apesar disso, a população em geral continuou usando durações variadas para as horas por séculos.
O sistema sexagesimal
Hiparco e outros astrônomos de sua época faziam cálculos usando o sistema sexagesimal, herdado dos babilônios, que, por sua vez, o herdaram dos sumérios. Por que criar um sistema baseado no número 60?
Ninguém sabe exatamente, mas é provável que seja pela conveniência, já que 60 é o menor número divisível pelos primeiros seis números (1, 2, 3, 4, 5, e 6) e também por 10, 12, 15, 20 e 30.
Ainda hoje, podemos observar vestígios do sistema sexagesimal em nossas vidas — um ângulo inteiro tem 360º, por exemplo.
As conquistas de Alexandre, o Grande, entre 335 e 324 a.C., ajudaram a difundir a astronomia babilônica para a Grécia e a Índia.
O astrônomo grego Eratóstenes de Cirene (cerca de 276 a 194 a.C.) utilizou um sistema sexagesimal para dividir um círculo em 60 partes, com o intuito de criar um dos primeiros sistemas geográficos de latitude, traçando linhas horizontais que passavam por lugares bem conhecidos na Terra na época.
Eratóstenes foi, inclusive, a primeira pessoa a calcular a circunferência da Terra, provando que ela era redonda.
Cerca de um século depois, Hipárquico padronizou as linhas de latitude, tornando-as paralelas e alinhadas com a geometria da Terra.
Ele também desenvolveu um sistema de linhas de longitude que abrangiam 360 graus, indo do pólo norte ao pólo sul.
No tratado Almagesto (cerca de 150 d.C.), Cláudio Ptolemeu detalhou e ampliou o trabalho de Hipárquico, subdividindo cada um dos 360 graus de latitude e longitude em partes menores.
Cada grau foi dividido em 60 partes, e cada uma dessas partes foi novamente dividida em 60 segmentos menores. A primeira divisão, partes minutae primae ou “primeira minuta”, ficou conhecida simplesmente como “minuto”.
Já a segunda divisão, partes minutae secundae ou “segunda minuta”, passou a ser chamada de “segundo”.
Então, aconteceu um negócio meio chato: Roma caiu. Com a queda de um dos maiores impérios da história, perdeu-se ou dispersou-se boa parte do conhecimento produzido pelos gregos.
Felizmente, muitos impérios árabes herdaram esses conhecimentos (inclusive a divisão 24-60-60 proposta por Ptolemeu e Hipárquico). Posteriormente, a partir do século 8, muitos desses ensinamentos foram reintroduzidos no Ocidente pelos árabes.
Os astrônomos medievais foram os primeiros a aplicar valores sexagesimais ao tempo. No século 11, o erudito persa Al-Biruni, tabelou os horários das luas novas em datas específicas em horas, 60 avos (minutos), 60 avos de 60 avos (segundos), 60 avos de 60 avos de 60 avos (terços) e 60 avos de 60 avos de 60 avos de 60 avos (quartos).
No entanto, mesmo com toda essa nova forma de dividir as horas, a população em geral desconhecia que uma hora tinha exatos 60 minutos e ignorava essa contagem.
O costume de obedecer o mesmo período de tempo para todas as horas do dia só surgiu no século 14, quando os relógios mecânicos foram inventados e começaram a ser instalados em torres de igrejas e catedrais para marcar as horas e chamar os fiéis para as orações.
A partir do século 16, quando os primeiros relógios portáteis começaram a ser fabricados na Europa, a divisão das horas de acordo com os astrônomos gregos se popularizou e as pessoas passaram a entender e usar os minutos e segundos.
*Informações Galileu