Núcleo Especializado da APAE Franca atende 85 alunos autistas e visa a independência

  • Cláudia Canelli
  • Publicado em 31 de março de 2023 às 12:00
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O Núcleo da APAE Franca reunirá os alunos no dia 4 de abril, em um salão de festa, com direito a brinquedos, guloseimas e diversão

A coordenadora pedagógica Aline Peixoto de Carvalho, a professora Thaís Priscila Pereira Rúbio e a estagiária Maria Graziella de Almeida, com alunos de uma das salas do Núcleo de Atendimento Especializado ao Autista da APAE Franca

Bia tem 12 anos de idade. Ela é aficionada por massinha de modelar. Sua paixão é fazer cachorrinhos e outro animais de massinha. Também é uma exímia desenhista. Seus traços encantam.

Kesley tem 20 anos. A tecnologia é sua vida. Com o celular nas mãos, ouve música, assiste a vídeos no Youtube e registra tudo que acontece em seu dia, para depois mostrar aos pais.

Essas são atividades que podem parecer banais a pessoas nas idades de Bia e Kesley. Mas para eles, é um dom resultante do hiperfoco, uma das características do autismo. Ambos foram diagnosticados com Transtorno do Espectro Autista.

Ana Beatriz de Carvalho Dutra, a Bia, e Kesley Henrique dos Reis são alunos do Núcleo de Atendimento Especializado ao Autista da APAE (Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais) de Franca. Ela é atendida na instituição desde os 4 anos de idade. Ele, desde bebê.

Critérios

Ana Beatriz de Carvalho Dutra, a Bia

Bia e Kesley fazem parte do grupo de 85 alunos que são atendidos pela instituição. São oito salas no período da manhã e sete à tarde, com seis alunos no máximo.

“Nós não passamos dessa quantidade, porque o autista precisa de um acompanhamento, de um trabalho individualizado. Eles conseguem se dispersar com muita facilidade”, observa Aline Peixoto de Carvalho, coordenadora pedagógica do Núcleo de Atendimento Especializado ao Autista, da Escola de Educação Especial João Maria Vianney, mantida pela APAE de Franca.

Todas as salas possuem uma professora – pedagoga especializada – e uma estagiária de pedagogia ou psicologia, além do monitor que apoia os atendidos nos cuidados pessoais, alimentação entre outras demandas e do coordenador que é específico do Núcleo.

Aline explica que o Núcleo trabalha com métodos específicos para o autismo. Um deles é o TEACCH (Tratamento e Educação de Crianças com Autismo e Dificuldades de Comunicação, em inglês), que garante um ambiente tranquilo, sem muitos estímulos, para ajudar na atenção e na concentração.

Kesley Henrique dos Reis

Comunicação alternativa

Uma característica do TEACCH é manter as carteiras da sala de aula viradas para a parede, para evitar que o autista perca sua concentração com a movimentação de pessoas pela sala, por exemplo.

Outro método é o PECS (sistema de comunicação por troca de figuras), mais conhecido como comunicação alternativa. Quando o aluno chega à sua mesa, ele observa através de fotos – seja do professor, atividades, alimentos, do banheiro e de seu meio de transporte – como vai ser a rotina do dia.

Através das figuras, o autista sabe quais aulas ele terá naquele dia, sabe o momento de comer ou ir ao banheiro e também a hora de ir embora. Esse método proporciona segurança ao aluno autista, porque ele sabe o que vai acontecer no dia. A cada atividade cumprida, a professora retira a figura do quadro.

Além da educação, o Núcleo garante aos alunos atendimento com profissionais especializados, como psicólogo, fonoaudióloga, terapeuta ocupacional, assistente social e fisioterapia, quando necessário, bem como atendimento médico especializado.

Independência

“Nós priorizamos que o aluno consiga qualidade de vida, independência, para que consiga viver em sociedade”, destacou Aline, observando que, em algumas situações, as famílias de um autista têm dificuldade em promover a socialização do mesmo. Mas, segundo ela, o “desafio maior é preparar a sociedade” para receber e acolher as pessoas diagnosticadas com autismo.

Para isso, ressalta Aline, o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, comemorado em 2 de abril, é de extrema importância. “O primordial é mostrar para a sociedade como é um autista – o que ele precisa, quais as demandas, como podemos nos preparar para conviver com uma pessoa autista”, observa.

“E eles são capazes”, destaca a coordenadora. “Mesmo sendo Autista e com a deficiência intelectual, eles são capazes. Basta nos conectarmos ao mundo deles. Minha esperança é que consigamos nos conectar a eles, para contribuir com o seu desenvolvimento.”

Para comemorar a data, o Núcleo da APAE Franca reunirá os alunos no dia 4 de abril, em um salão de festa, com direito a brinquedos, guloseimas e muita diversão. 

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