Exame de sangue pode identificar depressão pós-parto, afirma estudo

  • Nina Ribeiro
  • Publicado em 19 de fevereiro de 2022 às 22:00
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Segundo trabalho desenvolvido por pesquisadores americanos, análise de sangue de mulheres grávidas tem mais de 80% de precisão

depressão pós parto

Depressão pós-parto atinge 20% das gestantes em todo o mundo

 

A depressão pós-parto é um quadro que atinge uma a cada cinco gestantes em todo o mundo.

Pesquisadores americanos do Instituto Van Andel e da Universidade Estadual de Michigan publicaram estudo afirmando que 15 biomarcadores encontrados no sangue de mulheres grávidas podem indicar com até 83% de precisão possíveis ocorrências de sintomas da depressão.

A pesquisa foi realizada com 114 voluntárias e indicou que 14% das participantes chegaram a ter pensamentos suicidas ao longo da gravidez.

“A depressão não é algo que ocorre apenas no cérebro. As suas “impressões digitais” estão em todas as partes do corpo, incluindo no sangue”.

“Poder prever a depressão relativa à gravidez e sua severidade será um divisor de águas para proteger a saúde das mães e seus filhos”, afirmou a médica Lena Brundin, uma das coordenadoras do estudo.

Segundo Fernando Gomes, a depressão pós-parto é caracterizada por um conflito interno entre o que a paciente de fato sente contra o que ela deveria sentir em um momento visto como “muito importante” por toda a sociedade: o nascimento de uma criança.

Entre os principais sintomas, estão o cansaço, baixa autoestima e alterações de humor.

As mudanças hormonais enfrentadas pelas mulheres ao longo da gestação são uma das principais causas do quadro – como os níveis de progesterona e o estrógeno, que mudam de forma abrupta após o parto.

A ocitocina, conhecida como “hormônio do amor”, que auxilia no processo do nascimento e injeção do leite materno, também sofre alterações. A sobrecarga de tarefas e o sono irregular também podem ser considerados vilões nesta fase.

“Esse acaba sendo um cenário que mistura uma pré-disposição da pessoa, como uma situação que acaba sendo desafiadora. A gente não tem como negar que isso realmente acontece”, disse.

Sobre o estudo americano, o neurocirurgião destacou a dosagem de substâncias naturalmente presentes no corpo humano, como a serotonina – o neurotransmissor que regula o humor – e o triptofano – que auxilia na produção do hormônio – correlacionando com a manifestação clínica do distúrbio que ocorre após a gravidez.

“Existem níveis de depressão pós-parto, desde a tristeza leve, chamada de blues – que pode ser manejada de forma mais tranquila – até a depressão ou a psicose pós-parto, que necessita de internação e tratamento mais próximo”, afirmou Gomes, ressaltando que a intervenção médica pode ocorrer através do uso de medicação e também da psicoterapia.

“Quando percebemos que as coisas estão fugindo do normal, que existe prejuízo e sofrimento, temos [que buscar] profissionais gabaritados”.

“A ciência já progrediu até aqui para reconhecer este problema. Por que não, junto com o acolhimento de pessoas próximas, procurar um profissional para identificar rapidamente e estabelecer um tratamento o quanto antes?”, finalizou.

*Informações CNN


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