Como o lixo eletrônico virou a nova fronteira de disputa por matérias-primas

  • Joao Batista Freitas
  • Publicado em 3 de junho de 2025 às 19:00
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Muitos aparelhos eletrônicos que são descartáveis contém matérias primas estratégicas, como lítio, cobalto e terra raras

O avanço acelerado da tecnologia traz um problema crescente: o aumento do lixo eletrônico. Smartphones, notebooks, fones, cabos e baterias se acumulam nas gavetas, aguardando um destino.

A ONU alerta que a geração global de e-lixo cresce cinco vezes mais rápido do que sua reciclagem. Em 2022, o mundo produziu 62 milhões de toneladas desse tipo de resíduo — um salto de 82% em relação a 2010.

No Brasil, o cenário é ainda mais desafiador. Somos o maior gerador de resíduos eletrônicos da América do Sul, com 2,4 milhões de toneladas em 2022. Porém, apenas 3,3% desse total foram reciclados formalmente.

Mineração urbana

A chamada “mineração urbana” — prática de extrair matérias-primas de produtos descartados — surge como solução estratégica. A ideia é simples: recuperar metais e materiais valiosos de aparelhos eletrônicos fora de uso, reduzindo a necessidade de explorar recursos naturais.

Esses resíduos escondem materiais como cobre, lítio, cobalto e metais raros, fundamentais para indústrias de tecnologia e energia. No entanto, os custos de extração ainda são altos, o que dificulta a competitividade frente às matérias-primas virgens.

Na Europa, a mineração urbana já faz parte da política industrial. Com cerca de 700 milhões de smartphones antigos armazenados em gavetas, a União Europeia (UE) busca reduzir a dependência de importações de matérias-primas consideradas críticas e estratégicas, como lítio, cobalto e terras raras.

Atualmente, apenas 1% desses insumos são reciclados internamente. Com a Lei das Matérias-Primas Críticas, aprovada em 2024, a meta é elevar esse índice a 25% até 2030.

A UE já opera com 2.700 instalações especializadas em reciclagem e aposta em uma transição para a economia circular como resposta à pressão por recursos para tecnologias digitais e verdes.

De acordo com notícia da plataforma ZatNews, o esforço ainda enfrenta barreiras, como a rentabilidade da extração e o fenômeno da “hibernação eletrônica” — aparelhos guardados por medo de vazamento de dados.


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