Luiza Trajano afirma que nunca sonhou com uma projeção como essa, mas que sua trajetória sempre foi pautada pelo esforço. Antes de estar à frente do varejo brasileiro, a empresária começou a trabalhar aos 12 anos na loja então comandada por sua tia.
Participativa
Hoje, ela também é conhecida por integrar o movimento “Unidos pela Vacina”, por liderar o grupo “Mulheres do Brasil, com mais de 95 mil participantes voltadas para políticas públicas em frentes como saúde, trabalho e educação.
É também conselheira em 16 entidades, entre elas Fiesp e Unicef, e de promover políticas inclusivas e projetos de apoio a microempreendedores na crise da pandemia.
“Nunca falei: vou ser presidente. Mas eu sempre fui protagonista, desde menina, eu nunca culpei os outros do Brasil não dar certo. Acho que o Brasil é meu no que eu podia ajudar, tem uma diferença isso”, avalia.
A exposição internacional de uma mulher do interior, como ela define, também significa ter uma responsabilidade social maior diante de um país muito desigual.
Merecimento
“Que bom que eu posso abrir essa porta. Muitos brasileiros e brasileiras merecem estar em uma lista de destaque. Não se esqueça que nós temos um país com uma desigualdade social assustadora. (…) É muito sério. A luta é muito grande”, diz.
Luiza reconhece que também está sujeita a erros e críticas, como quando defendeu políticas de cotas em empresas, mas que não tem medo de mostrar fragilidades e que isso não é um impedimento para continuar a realizar seus projetos.
“Toda vez que recebo isso sei que aumenta minha responsabilidade, eu não tenho esse papel de ser perfeita, e não entro nesse jogo. Eu não vou ser unânime nunca. Eu nem me defendo, vou tocando, (…) sou obrigada a ter responsabilidade por aquilo que faço.”
Cenário
Ao avaliar o cenário que marcou o início de sua trajetória empreendedora e os dias atuais, ela enxerga um cenário com mais oportunidades, embora ainda fragmentadas.
“São dificuldades diferentes. Quando a gente começou a fazer, você tinha um país com uma inflação muito alta, você tinha juro muito alto, crédito muito restrito, na minha área uma informalidade muito mais forte. Se você quisesse ser formal, você pagava um preço muito alto, e você tinha muitas crises internacionais que afetavam profundamente o Brasil”, diz.
Como exemplo de avanço, ela cita o Simples Nacional, regime especial e unificado de arrecadação de impostos de micro e pequenas empresas. “É mal usado ainda, mas a pequena e micro empresa tem muito mais vantagens de impostos do que a gente tinha antigamente.”
Modernização
Em contrapartida, ela acredita que ainda seja possível melhorar e modernizar o acesso ao crédito para os micro e pequenos empresários.
Além disso, vê um país muito dividido e critica decisões governamentais recentes, como o aumento do Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários (IOF) para pessoas físicas e empresas, anunciado sob a justificativa de bancar o novo Bolsa Família.
Para ela, um cenário de crise econômica não é um momento adequado de se elevar tributos.
“Qualquer aumento de imposto em um momento de recessão é ruim, temos que fazer mais com menos, não menos com mais. (…) Como vai ser feito é um exercício, fazer mais com mais é fácil”, diz.