Tabagismo: Remédio de baixo custo dobra chances de fumantes largarem o vício

  • Dayse Cruz
  • Publicado em 3 de janeiro de 2024 às 11:30
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O medicamento não é novo, mas apenas agora estudos clínicos rigorosos começaram a ser conduzidos para comprovarem o potencial entre aqueles que querem deixar de fumar

Medicamento já é estudado há 20 anos, mas só agora teve seus resultados comprovados – foto Arquivo

 

Um novo estudo conduzido por pesquisadores da Argentina mostrou que um medicamento de baixo custo de produção pode mais que dobrar as chances de fumantes largarem o cigarro e representar a 1ª nova terapia para o tabagismo de muitos países em quase duas décadas.

O trabalho, publicado no último dia 31 na revista científica Addiction, reforçou ainda que a citisiniclina, também conhecida como cistina, é segura e bem tolerada.

A citisiniclina é um fármaco à base de plantas que se liga aos receptores de nicotina no cérebro, de modo a aliviar o desejo pela substância e, consequentemente, de fumar. Além disso, reduz a gravidade dos sintomas associados à abstinência.

É um mecanismo semelhante à vareniclina, substância do Champix, da Pfizer, aprovada nos EUA e no Brasil para o combate ao tabagismo.

O medicamento não é novo, foi sintetizado ainda em 1964 na Bulgária. Além disso, pelo caráter fitoterápico que diminui as regras para comercialização, já é utilizado amplamente em diversos países da Europa desde os anos 60.

Porém, apenas agora estudos clínicos rigorosos começaram a ser conduzidos para comprovarem o potencial entre aqueles que querem deixar de fumar.

No Reino Unido, por exemplo, somente há pouco tempo a cistina recebeu um aval regulatório para ser usada oficialmente com esse objetivo, e estará disponível para venda a partir do próximo dia 22, mediante prescrição médica.

Omar de Santi, toxicologista do Hospital Nacional de Posadas, na Argentina, que liderou o novo estudo publicado na Addiction, destaca que a citisiniclina poderá ser uma nova e importante arma contra a dependência de cigarros especialmente em países de média e baixa renda, que ainda têm pouco acesso aos medicamentos já disponíveis.

“Nosso estudo aumenta a evidência de que a citisina é uma ajuda eficaz e barata para parar de fumar. Poderia ser muito útil na redução do tabagismo nos países de baixa e média renda, onde são urgentemente necessários medicamentos com boa relação custo-eficácia para parar de fumar”.

“Em todo o mundo, o tabagismo é considerado a principal causa de morte evitável. A citisina tem potencial para ser uma das grandes respostas para esse problema”, afirma, em comunicado.

O novo trabalho analisou os resultados de 12 ensaios clínicos, que englobaram quase seis mil voluntários. Oito deles compararam a cistina com um placebo, e demonstraram que ela aumenta em mais de duas vezes a chance de o indivíduo parar de fumar.

Os outros testes clínicos avaliaram o medicamento em comparação com terapias de reposição de nicotina, como adesivos, goma de mascar, inalador e aerossol, e com a vareniclina.

Os resultados apontaram que o remédio tem eficácia semelhante à da substância do Champix, mas levemente superior à das terapias de reposição.

Em julho, a farmacêutica responsável pelo medicamento, a Achieve Life Sciences, disse que pretendia submeter os dados do remédio para aprovação de uso pela Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora dos Estados Unidos, na primeira metade de 2024. Não há ainda estimativa para a solicitação de aval em outros países, como o Brasil.

“O tabagismo continua sendo a principal causa evitável de morte em todo o mundo, mas nenhum novo medicamento para parar de fumar foi aprovado pela FDA por quase duas décadas”.

“Existe uma necessidade urgente de novos medicamentos porque os atuais não ajudam todos os fumantes a parar e podem ter efeitos colaterais inaceitáveis. Se aprovada pelos reguladores, a citisiniclina pode ser uma nova opção valiosa para tratar a dependência do tabaco”, disse em comunicado a autora do estudo Nancy Rigotti, diretora do Centro de Tratamento e Pesquisa de Tabaco do Hospital Geral de Massachusetts, da Universidade de Harvard, na época.

*Informações O Globo


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