Saiu do Facebook? Entenda por que os brasileiros estão deixando a rede de Zuckerberg

  • Robson Leite
  • Publicado em 5 de fevereiro de 2022 às 11:00
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Entre os motivos para a evasão do Facebook estão o interesse em outras redes, propagação de notícias falsas e falta de inovação.

Não é de agora que começou o processo de perda de relevância do Facebook – pelo menos no Brasil. Lá por 2019, conforme mostram pesquisas de mercado, usuários brasileiros, principalmente os jovens, começaram a se afastar da rede de Mark Zuckerberg.

A Meta, dona do Facebook, divulgou que a rede social perdeu usuários globalmente pela primeira vez em sua história, considerando a quantidade de acessos por dia. A reportagem foi publicada pelo portal 6 Minutos.

Segundo o resultado financeiro, o Facebook perdeu cerca de 500 mil usuários diários globalmente nos últimos três meses do ano passado – o número passou de 1,930 bilhão para 1,929 bilhão.

As ações da companhia despencaram mais de 26% nesta quinta-feira depois dessa notícia, fazendo com que o valor de mercado da Meta encolhesse US$ 237 bilhões, segundo cálculos da Economatica. Foi o maior tombo já registrado por empresas dos Estados Unidos.

Cai num lado, sobe no outro

O relatório diz que a queda foi maior na África e na América Latina – houve perda de usuários também nos EUA e no Canadá. A rede social, porém, cresceu na Europa e na Ásia.

Aqui no Brasil o ranço contra o Facebook cresceu após as eleições de 2018. Com a polarização política, muita gente simplesmente cansou de ver briga na rede social.

Em 2019, segundo pesquisa feita pela QualiBest, os brasileiros passaram menos tempo no Facebook: 46% dos entrevistados diminuíram a frequência na rede. Por outro lado, 24% afirmaram ficar mais no Instagram, enquanto 27% passaram a acessar mais o YouTube.

Entre os motivos para a evasão do Facebook estão o interesse em outras redes (45%), propagação de notícias falsas (42%) e falta de inovação (35%).

Procurado, o Facebook informou que ainda não tem o resultado do quarto trimestre por país.

Fuga de jovens

Os mais novos foram os primeiros a desembarcar da rede social que foi hegemônica por quase duas décadas. Uma pesquisa de 2020 do Ibope Target Group Index mostrou que naquele ano, entre as pessoas com mais de 55 anos, a audiência crescia.

Mas entre jovens de 12 a 24 anos, ela caía, principalmente entre os mais novos das classes A e B. Quando isso acontece, é muito perigoso para uma rede social. São os jovens que criam conteúdo que viraliza, os que mais compartilham conteúdos de notícias falsas. E aí forma-se um círculo vicioso, provocando perda de relevância para a rede.

“Mas isso é bom para o mercado digital como um todo. Não é legal que tudo fique numa rede só”, diz Ana Paula Passarelli. presidente e fundadora da agência de marketing digital Brunch e especialista em marketing de influência. “A gente vê as pessoas usando mais o Twitter, o Twitch, o TikTok.”, diz ela.

O avanço do TikTok

O Brasil é o segundo país que mais usa o TikTok no mundo, ficando atrás apenas da China, segundo um levantamento realizado pela Statista, empresa especilizada em estatísticas. Cerca de 4,72 milhões de brasileiros e brasileiras usam a plataforma — número que pode chegar a 4,92 milhões em 2025

Os jovens, principalmente, gostam do TikTok. “Muitos não têm mais perfil no Facebook. Ou nunca tiveram. E gostam do TikTok pelo humor – e porque é uma rede em que os pais não estão”, diz Sérgio Brotto, diretor executivo de mídia da agência de publicidade Ampfy.

“Hoje existem mais redes, com funções e papéis diferentes. E mais nichadas.  Então vão se formando pequenas comunidades em várias delas. Não é mais só a hegemonia do Facebook de alguns anos atrás.”

O papel dos pacotes de celular

A melhora técnica dos pacotes de internet para celular também explica essa pulverização das redes no Brasil. Antigamente, a maioria dos celulares era de pré-pagos.

Hoje, as contas pós e controle já são 50,26% do total. Muita gente dependia de a operadora fazer parceria com as redes sociais para ter acesso gratuito a elas pelo aparelho. Hoje, isso já não é tão necessário, já que a rede e até os celulares mais simples dão suporte para os novos aplicativos.


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