Mais suave, café arábica de Franca pode ganhar mercado após a disparada do conilon

  • F. A. Barbosa
  • Publicado em 26 de junho de 2023 às 19:30
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

Franca é uma das grandes produtoras do arábica no Brasil e exportadora do produto

Franca é uma das grandes produtoras do arábica no Brasil e exportadora do produto

O café arábica, tradicional na região de Franca e considerado mais suave e adocicado, provavelmente vai recuperar na safra atual alguma participação perdida na composição do “blend” do produto torrado e moído vendido aos consumidores brasileiros, na avaliação de analistas.

Isso pode acontecer pela firmeza dos preços locais dos grãos canéforas — conhecidos como conilon ou robusta e naturalmente mais amargos que o arábica — em meio à sustentação do mercado global da variedade, que atingiu um nível recorde em junho devido a uma oferta apertada em países como Vietnã e Indonésia.

A conjuntura também considera dados do governo brasileiro de uma safra maior de arábica no Brasil, segundo consumidor global de café, enquanto a colheita de canéforas será menor no país.

O consumo de grãos arábicas no Brasil poderia dobrar em 2023/24 para 6,6 milhões de sacas de 60 kg ante o ciclo anterior, enquanto a demanda da indústria por canéforas cairia de 18,7 milhões de sacas em 22/23 para 15,5 milhões de sacas na temporada atual, na visão da empresa de consultoria e gestão de riscos hEDGEpoint Global Markets.

“É o dobro, mas ainda estamos vendo um ‘mix’ muito abaixo da média (histórica para o arábica)”, disse a analista de café da hEDGEpoint, Natália Gandolphi, à Reuters.

Ela lembrou que no passado a proporção de arábica e robusta/conilon na produção de café torrado e moído do Brasil era de 50% para cada variedade.

“Nos últimos dois anos teve esta queda (no uso de arábica), estamos vendo pequena recuperação, mas ainda não vemos uma situação normal”, comentou a especialista, acreditando que a adição de arábica no “blend” deve se intensificar mais adiante na safra.

Colheita

A expectativa de maior demanda por grãos arábica ocorre em um ano em que a colheita de café dessa variedade do Brasil vai crescer quase 16%, para 37,9 milhões de sacas de 60 kg, segundo os últimos números da estatal Conab. De outro lado, a produção de canéforas vai cair 7,6%, para 16,8 milhões de toneladas, conforme órgão do governo brasileiro.

Na véspera, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA, na sigla em inglês) apontou um aumento da produção global de café, citando uma expectativa de safra maior de arábica, notadamente do Brasil, e menor de robusta.

Gil Barabach, especialista da consultoria Safras & Mercado, concorda que a indústria brasileira poderá elevar o percentual de arábica no “blend”.

Fontes: Reuters e Notícias Agrícolas – WWW.noticiasagricolas.com.br


+ Economia