Leite e café mais caros levam consumidores a ajustar compras na região

  • Nina Ribeiro
  • Publicado em 3 de julho de 2022 às 22:00
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Litro mais barato do leite é achado em torno de R$ 5,98, enquanto o quilo de café pode ser achado a mais de R$ 14

Prateleiras dos supermercados mostram a alta dos preços do café e do leite na região – foto EPTV

 

A alta nos preços de dois itens básicos da mesa tem assustado consumidores em Franca e Ribeirão Preto.

Nos últimos 12 meses, segundo a Fundação Getúlio Vargas, o acumulado no preço do leite é de 20,97%.

Já o preço do café moído, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), subiu 74,98% nos últimos 12 meses no estado de São Paulo.

Em Franca, o leite longa vida custa, no mínimo, em torno de R$ 5,98.

Desempregado e pai de três filhos, Maurício Domingues Rodrigues costuma comprar 24 caixas de leite por mês. Pagar a conta no caixa do supermercado tem sido cada vez mais difícil.

“Tudo que a gente faz vai leite, principalmente a mamadeira. Com esse devido aumento aí ficou meio complicado. A gente tem que economizar, substituir outras coisas para poder comprar, né? Controlar o gasto”, diz Maurício.

A explicação para o aumento do leite está na entressafra no campo. Com a estiagem, os pastos ficam mais secos, a produção cai e os produtores rurais ainda precisam complementar a alimentação do rebanho com ração.

Leite mais barato está quase R$ 6 o litro – foto EPTV

 

“Quem trabalha com gado confinado, que tira o maior volume de leite, o alimentação do gado está muito cara em função do milho, da soja, que são o principais produtos da ração e que estão com preços internacionais extremamente elevados, então o custo de produzir esse leite está ficando mais caro em função do gado ser tratado”, explica o varejista Antônio Noventa.

O impacto pode ser sentido em toda a cadeia. Derivados como manteiga, iogurte e queijos também registram alta motivada também pelo preço da energia elétrica e dos combustíveis, por causa do transporte.

Segundo o economista Edgard Monforte, o consumidor deve se preparar para novos aumentos nos próximos meses.

“Principalmente o pequeno, o médio produtor de leite, começa a achar a atividade pouco rentável, abandona, vai produzir outras coisas, vai plantar milho, vai produzir grãos e o que acontece? Essa parte da produção que é suprida pelo pequeno e médio começa a sair de mercado. Os que estiverem produzindo vão querer preços maiores e vão começar a cobrar cada vez mais.”

Cafezinho puxado

No supermercado do Eldiomar Ferreira, o quilo do café mais barato custa R$ 13,79 e o mais caro, R$ 23,99. Por causa do aumento no valor, ele diz ter sentido uma queda nas vendas no último mês.

“A gente está procurando fornecedor, pedindo mais para ter um desconto para ver se melhora para o cliente, mas está difícil. Eles falam que a alta é na roça”, diz.

O empresário Raphael Ferraz de Souza, que tem duas cafeterias, reajustou o preço do café em 30% em um ano e não descarta novos valores.

“Basicamente triplicou a nossa matéria-prima, o café tradicional. Estamos esperando o mercado. Agora é safra nova, entender como vai funcionar, avaliar e se tiver que ter reajuste e não der para segurar, a gente vai ter que ter”, afirma.

Para se ter uma ideia, há um ano, a saca do café era vendida a pouco mais de R$ 450. Hoje, a mesma saca está sendo vendida a cerca de R$ 1,3 mil.

Para os produtores, entre os culpados estão o clima, já que em 2021 as geadas afetaram os cafezais, a pandemia de Covid-19 e, principalmente, a guerra entre Rússia e Ucrânia.

A Rússia é um dos maiores exportadores do mundo de adubos e fertilizantes, que são essenciais para a produção do café.

“O produtor comprava um insumo bem mais barato ano passado do que compra esse ano. A saca subiu, são mil reais aí de ganho, mas o adubo subiu muito mais do que isso, em termos de porcentagem”.

“Então assim, a renda dele foi prejudicada. O futuro a gente não consegue prever porque cada hora acontece uma coisa. Para café tudo é possível. Então fica difícil da gente informar alguma projeção aí com relação a isso”, diz o gestor de torrefação da Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas (Cocapec), Victor Alexandre Ferreira.

*Informações G1


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