Famoso por ‘Galopeira’, cantor Donizeti se reinventa e vira caminhoneiro na pandemia

  • Nina Ribeiro
  • Publicado em 17 de abril de 2021 às 17:30
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A nova profissão é para driblar a crise financeira provocada pela paralisação há mais de um ano dos shows devido à pandemia

Cantor Donizeti foi considerado a mais bela voz infantil da América Latina

 

O cantor Donizeti Camargo, 50, famoso pela música “Galopeira” na década de 1980, trocou temporariamente os palcos pelo trabalho como motorista de caminhão para a Prefeitura de Piracicaba, cidade onde mora no interior de São Paulo.

A nova profissão é para driblar a crise financeira provocada pela paralisação há mais de um ano dos shows devido à pandemia de Covid-19.

A explosão de casos da doença, em março de 2020, obrigou o cantor a cancelar os mais de 20 shows que havia no primeiro semestre.

“Meu último show foi em 26 de fevereiro, em Jundiaí, no Rancho do Cowboy, e depois parou”, diz o cantor, em entrevista ao F5.

Antes de se tornar caminhoneiro, Donizeti buscou trabalho no rádio e na TV, onde já apresentou alguns programas, como o “Especial Sertanejo”, na TV e rádio Record.

Mas ele não conseguiu trabalho como apresentador porque exigiam que tivesse um patrocínio de R$ 50 mil para o horário.

Sem saída, o cantor recorreu ao auxílio emergencial de R$ 600, concedido pelo governo federal, e recebeu três parcelas.

“Vou ser sincero, o auxílio emergencial foi só para realmente me dar uma ajuda para colocar comida em casa”, diz o artista.

O emprego como caminhoneiro ele conseguiu por indicação do irmão caçula, que ficou com receio de perguntar ao irmão famoso se ele aceitaria trabalhar dirigindo caminhão.

Desde setembro de 2020, Donizeti faz o transporte das equipes do setor ambiental da Prefeitura de Piracicaba.

“As pessoas acham que a gente que é artista não sabe fazer outra coisa a não ser cantar e tocar. Temos capacidade de fazer outras coisas. A vida mudou bastante para músicos, artistas e para quem trabalha com eventos”, explica o cantor.

A pandemia ensinou que ele precisa uma fonte de renda além da música.

“Para mim não foi difícil me adaptar, hoje é o meu ganha-pão neste momento de pandemia. Como eu não posso trabalhar com shows, eles pararam, eu estou caminhoneiro”, afirma Donizeti.

O isolamento social priva o artista de visitar às duas filhas gêmeas, de 26 anos, e os netos.

Amanda, formada em administração de empresas, vive com o marido e os dois filhos, em Praia Grande, litoral de São Paulo.

A cantora Bruna Garcia, que seguiu os passos do pai na música, mora com o marido em Guararema, na Grande São Paulo. “Sou apaixonado pelas minhas filhas e netos”, afirma o cantor com saudade.

Melhor voz infantil da América Latina

Nascido em Conchas, interior de São Paulo, Donizeti começou a cantar com cinco anos nas rodas de viola em família.

Ele foi um dos primeiros artistas sertanejos a cantar no Fantástico (Globo).

O primeiro disco foi um vinil duplo, lançado em 1978 pela gravadora CBS, quando tinha oito anos.

Mas o sucesso chegou mesmo em 1982 após gravar um disco com 12 músicas, entre elas, “Galopeira”, versão de uma canção paraguaia.

A partir deste disco, ele começou a participar de vários programas de TV, como Geraldo Meirelles, Bolinha e Som Brasil.

No entanto, sua carreira despontou mesmo quando participou do Programa da Hebe, na antiga TVS que mais tarde mudaria de nome para SBT.

O dono do canal, Silvio Santos, ficou impressionado com o garoto que conseguia sustentar durante 20 segundos a mesma nota musical no refrão da música.

Por intermédio do apresentador, Donizeti viajou ao México para disputar com outras crianças o Festival America Esta Es Tu Canción, entre elas o hoje famoso cantor mexicano Luis Miguel.

*Conteúdo Folhapress


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