Covid-19 causa incerteza na colheita de café arábica, com atraso na mão-de-obra

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  • Publicado em 26 de abril de 2020 às 21:26
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:39
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Diante da incerteza, muitos produtores se anteciparam e compraram colheitadeiras no mês de março

A preocupação com a mão de obra na colheita do café está gerando preocupações ao produtor que ainda tem incertezas se poderá ou não contar com a mão de obra vinda de outras regiões (como normalmente acontece nos outros anos).  

Diante dos casos do coronavírus e as normas de distanciamento tomada por alguns municípios, a colheita desta safra poderá sofrer mudanças de custo e duração.

Prova de que o produtor está preocupado e buscando saída para a situação adversa que pode enfrentar, é a antecipação na compra de colheitadeiras durante o mês de março.

Segundo Reymar Coutinho, presidente da Pinhalense, houve aumento de 30% nas compras e o número expressivo surpreendeu a empresa. 

“Acho que foi uma conjuntura de fatores. O produtor sempre deixa para fazer essa compra entre abril e maio, mas com receio das limitações por conta do Coronavírus resolveu antecipar”, comenta.

O presidente da Pinhalense acredita que os picos de altas no preço do café na Bolsa de Nova York e o dólar alto também influenciaram nas compras antecipadas. (Veja abaixo a análise de Rodrigo Costa, da Archer de N.York):

Mercado de café: “Diante das circunstâncias, preço adequado” por Rodrigo Costa

O café em Nova Iorque tem se mantido entre US$ 110 e 120 centavos por libra peso nas duas últimas semanas e Londres voltou abaixo de US$ 1200 por tonelada.

A demanda de curto prazo tem sido boa, mas aquele aquecimento inicial –  por uma estocagem maior nos lares dos consumidores – vem desacelerando nos últimos dias, segundo dados preliminares de alguns institutos estatísticos.

Nada que por ora preocupe tanto, haja visto o apoio financeiro oferecido pelos governos a seus cidadãos e considerando que a partir de maio as pessoas comecem a voltar às ruas – seguindo as precauções necessárias.

Os estoques americanos caíram 288,658 sacas em março, estando em 6 milhões de sacas, e provavelmente devem ceder mais em abril, mesmo com os embarques brasileiros estarem se mantendo acima de 3 milhões de sacas por mês – como reportado pela CECAFE.

Os diferenciais firmes dos grãos da América Central é um outro fator positivo – que em nada deve se alterar até o fim do ano.

Negativamente há a aproximação da safra brasileira, assim como o real desvalorizado.

A OIC lançou um estudo nada animador, traçando uma correlação de perda do consumo de 0.95 pontos para cada 1 de queda dos PIBs dos países consumidores, o que se for provado verdade impactará muito negativamente no consumo global.

Se trabalharmos com um crescimento nulo do consumo haverá 3.3 milhões de sacas a mais disponíveis no balanço global, inicialmente não muito negativo, mas ao mesmo tempo não contribuindo para uma alta significativa.

No frigir dos ovos o terminal parece estar no preço justo para o quadro atual, em “lockdown” aguardando os próximos passos do cenário macroeconômico.

*Notícias Agrícolas


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