Atingindo pelo menos 10% das mulheres, endometriose é considerada mal do século

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  • Publicado em 24 de abril de 2017 às 12:45
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:10
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Pesquisa da USP mostra como essa realidade afeta a vida das mulheres resultando em disfunções sexuais

​Pacientes
com endometriose têm mais que o dobro de disfunções sexuais em relação à
população sem a doença é o que diz estudo realizado pela médica ginecologista do Hospital das Clínicas da USP e da Clínica FemCare. Graduada pela Faculdade de Medina da USP Flávia Fairbanks,
que culminou em sua tese de doutorado pela Faculdade de Medicina da USP. Nele
foram avaliadas 583 mulheres entre 2013 e 2015, sendo que 254 pacientes com
endometriose e 329 mulheres sem a doença. Na avaliação geral, 43,3% das
pacientes com endometriose apresentaram disfunções sexuais, enquanto que na
população sem a doença as disfunções ocorreram em 17,6%. Entende-se por
disfunções sexuais – desejo sexual, excitação sexual, dor na relação sexual e
orgasmo/satisfação sexual.

A
endometriose caracteriza-se pelo implante, crescimento e desenvolvimento de
glândula/tecido endometriais fora do útero. Trata-se de uma doença ginecológica
benigna que ocorre pelo refluxo de menstruação pelas trompas, acumulando
células parecidas com o endométrio (e que, portanto, também
“menstruam”), fora da cavidade uterina.

Estima-se
que 10% da população feminina apresentam essa doença e, quando são estudadas
populações específicas de mulheres com dor pélvica ou infertilidade, a
prevalência pode atingir até 47% dos casos.

É uma doença
com impacto negativo em diversos aspectos da vida da mulher, inclusive na
função sexual – Os principais sintomas da endometriose são representados por
dor e infertilidade, relacionam-se diretamente com prejuízos na atividade
sexual, mas aspectos específicos da função sexual dessas mulheres permanecem
obscuros, o que motivou a realização deste estudo.

As
principais causas são o refluxo menstrual, associado a causas genéticas (o
risco é maior entre parentes de primeiro grau), ambientais (exposição a
ambientes poluídos com resíduos de monóxido de carbono como as dioxinas) e
imunológicas (o organismo não reconhece, adequadamente, esse tecido fora de
lugar e não faz uma faxina adequada todos os meses, que serviria para remover
esse tecido e evitar a doença).

A
Endometriose pode ocorrer entre a adolescência e a menopausa, em qualquer
idade, mas a faixa dos 30-40 anos é a mais comum. O diagnóstico se baseia em
ouvir as queixas da paciente (cólicas menstruais muito severas, dor nas
relações sexuais, dores na barriga durante o mês, dificuldade para engravidar,
alterações do intestino durante a menstruação e também da urina). Também pode
ser feito por exames complementares especializados (ultrassom pélvico e
transvaginal com preparo intestinal ou ressonância magnética da pelve) e também
por videolaparoscopia – uma cirurgia que pode ajudar a tratar o problema.

Mesmo
com os tratamentos acredita-se que a prevenção verdadeira não exista. Há muitos
fatores envolvidos, porém, existem medidas que evitam que a menstruação seja
muito abundante, como o uso de anticoncepcionais que reduzem o fluxo menstrual,
o que é benéfico.

Os
tratamentos são à base de medicamentos gerais, para alívio dos sintomas
(analgésicos e anti-inflamatórios, associados a hormônios, para reduzir a
menstruação e agir nos focos da doença, anticoncepcionais ou progesteronas
específicas e, por vezes, cirurgia para restaurar a pelve.). Há, também, a
possibilidade de tratamentos complementares, simultaneamente, com excelentes
resultados: acupuntura para as dores, fisioterapia do assoalho pélvico e,
recentemente, um estudo mostrou que a homeopatia também pode ter algum
benefício.


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