Dentista esclarece a eficácia dos raspadores de língua no combate ao mau hálito

  • Joao Batista Freitas
  • Publicado em 27 de abril de 2024 às 19:00
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A limpeza da língua deve ser realizada uma vez ao dia pela manhã com um instrumento próprio (limpador), alguns chamam de raspador

Recentemente viralizou uma “trend” no TikTok, em que algumas pessoas dizem que o raspador de língua é a solução para resolver o mau hálito. Mas, será que é verdade?

Para esclarecer o assunto, o cirurgião dentista, especialista em halitose e integrante da Câmara Técnica de Dentística do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP), Dr. Mário Sérgio Giorgi, explica que o hábito de higienizar a língua com o objetivo de remover o acúmulo de saburra lingual (principal causa do mau hálito), existe desde a antiguidade.

A halitose ou mau hálito é um odor desagradável da cavidade oral, que pode ser classificada em halitose real ou imaginária (pseudo-halitose, halitofobia). A genuína está dividida em dois subgrupos, patológica ou fisiológica.

Dois grupos

Na patológica, a halitose pode ser oral ou extraoral, com origem no sistema respiratório ou de outros sistemas. Vale ressaltar que existem mais de 60 origens possíveis para a halitose, sendo simples ou complexas, que variam desde a má higiene oral até uma patologia, como diabetes.

A halitose fisiológica pode ser corrigida revisando a higiene. Ela é transitória e pode ocorrer por ingestão de bebidas alcoólicas, fumo ou alimentos e comidas, como cebola e alho, por exemplo.

Já a pseudo-halitose está ligada mais à parte psicológica, pois nela, o paciente se queixa de halitose, mas o mau hálito não é sentido por ninguém e o diagnóstico não é feito objetivamente.

Na halitofobia, o paciente está preocupado em ter um mau odor oral contínuo e, mesmo que tenha feito o tratamento, acredita que ainda possui um mau odor, que não cessa.

Uso do raspador

De acordo com o Dr. Mario Sergio, a remoção mecânica da saburra é recomendada para o controle da halitose e o raspador é uma das opções para a higienização da língua.

Nesse sentido, ele esclarece que o mau cheiro está associado à cavidade oral e os principais responsáveis pela halitose são os chamados compostos sulfurados voláteis (CSVs), que estão depositados na língua, chamados de saburra lingual.

O especialista explica que a principal área de concentração desses compostos é o dorso da língua, pois sua anatomia favorece o acúmulo de células epiteliais descamadas, bactérias, além de restos alimentares, formando a saburra lingual, que possui uma coloração branca ou amarelada.

Ele reforça, ainda, que a remoção mecânica é recomendada como cuidado caseiro para controle da halitose, pois reduz a concentração de saburra, melhorando inclusive a percepção de sabores.

Uma vez ao dia

“A limpeza deve ser realizada uma vez ao dia pela manhã com um instrumento próprio (limpador), alguns chamam de raspador. Bem delicadamente, segure a ponta da sua língua com uma gaze, puxe-a delicadamente até a ponta do queixo, assim você exterioriza ela e consegue limpar a língua do fundo para a frente e a saburra vai sendo depositada na gaze”, explica.

Outra sugestão, segundo o Dr. Mario, é associar a limpeza de língua. Ele ensina que o indicado é utilizar o limpador inicialmente, depois uma escova de perfil baixo – própria para limpeza de língua- intercalando assim: limpador – escova de língua – limpador.

Além da limpeza, que é um procedimento importante para a saúde oral, o especialista lembra da importância de consultas periódicas com o cirurgião-dentista para identificar os agentes etiológicos responsáveis pela formação da saburra e alteração do hálito.

O Dr. Mário Sérgio finaliza lembrando que alguns estudos têm demonstrado que a halitose pode também estar relacionada à diminuição da produção de saliva, portanto, é de extrema importância tomar água, pelo menos 2 litros por dia.

Sobre o CROSP

O Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP) é uma autarquia federal dotada de personalidade jurídica e de direito público com a finalidade de fiscalizar e supervisionar a ética profissional em todo o Estado de São Paulo, cabendo-lhe zelar pelo perfeito desempenho ético da Odontologia e pelo prestígio e bom conceito da profissão e dos que a exercem legalmente.

Hoje, o CROSP conta com mais de 175 mil profissionais inscritos. Além dos cirurgiões-dentistas, o CROSP detém competência também para fiscalizar o exercício profissional e a conduta ética dos Técnicos em Prótese Dentária, Técnicos em Saúde Bucal, Auxiliares em Saúde Bucal e Auxiliares em Prótese Dentária.


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