Mais de 30% das mulheres abandonam o emprego após a maternidade

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 11 de maio de 2018 às 01:30
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:43
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Pelo menos 60% das mulheres têm perspectiva ruim ou péssima sobre a carreira profissional

O Dia das Mães está próximo e, embora a data seja de
comemoração, a maternidade
pode ser um período de muitos dilemas e um deles pode estar relacionado à carreira profissional da mulher.

Na última quarta-feira, 09 de maio, a Catho divulgou um estudo
sobre o tema, e mostra que pelo menos 30% das mães já abriram mão do emprego
após a chegada dos filhos, enquanto que, entre os pais, o número baixa para 7%.
A diferença chega a ser de quatro vezes.

Ainda de acordo com o balanço, quando somadas as mulheres que
demoraram mais de três anos para retomar a carreira
profissional e as que ainda não conseguiram voltar para o mercado de trabalho,
o número chega a 31%. Entre os homens, o número é de 19%.

Em relação à ascensão profissional de pessoas com
filhos, o estudo da Catho detectou que 60% das entrevistadas têm perspectivas
ruins ou péssimas sobre a carreira, contra 47% dos homens. “Isso demonstra
ainda uma percepção cultural de que as mulheres se envolvem mais na criação dos
filhos do que os homens, por isso as limitações para elas seriam maiores”,
explica a gerente de Gente e Gestão da Catho, Simone Damazio, sobre a diferença
nas porcentagens.

Além disso, ela avalia que é muito importante as empresas terem
iniciativas para ajudar a melhorar os dados citados acima. Entre as políticas
que as companhias podem adotar, Damazio aponta, por exemplo, o apoio à
paternidade ativa, com licença estendida, abono para participação em reuniões
escolares, etc.

A especialista acredita
que tais políticas impactam no número de mulheres que deixam o
mercado após o nascimento dos filhos, já que elas terão mais oportunidades em
suas carreiras ao dividir as responsabilidades com os pais das crianças.  

Estratégias para melhorar perspectivas

Betânia
Oliveira, coordenadora de qualidade da desenvolvedora de softwares de gestão
empresarial Mega Sistemas, é uma das mulheres que sentiu esse impasse.

Ela
conta que trabalhava há 10 meses na companhia e foi promovida apenas dois dias
depois que descobriu que estava grávida. Diante da onda de novidades, ela diz
que sua primeira reação que teve foi de conversar com o chefe para
“desistir da promoção”. Entretanto, para a sua surpresa, a resposta
dada foi um incentivo para continuar na nova função e a flexibilização de carga
horária de trabalho, iniciativa oferecida às mães pela companhia. Realidade,
claro, nem sempre vivida pelas profissionais do mercado. 

Para
além da gravidez, como as empresas podem continuar oferecendo suporte quando o
bebê vira uma criança? A gerente de marketing da Cemara Loteamento e mãe
de um menino de seis anos, Giuliane Strapasson, disse que, recentemente, passou
por uma fase com muitas dúvidas e angústias sobre a maternidade e que o apoio
veio no ambiente de trabalho. “A ajuda da psicóloga da companhia foi
essencial para responder a essas perguntas pelas quais estava passando”,
lembra. 

Desigualdade no mercado de trabalho

Em
março deste ano, o Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
divulgou uma pesquisa que justifica a importância de políticas como essas
citadas acima de auxílio à carreira
profissional de mulheres que são, desejam ou se tornarão mães futuramente. Em
2016, no Brasil, 62,2% dos cargos gerenciais – tanto do poder público quanto da
iniciativa privada – eram ocupados por homens, enquanto que as mulheres estavam
presentes em apenas 37,8% deles. Tais números, portanto, mostram que ainda há
muita coisa a ser feita para equilibrar esses números.


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