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Estiagem e aumento no consumo de energia durante a pandemia levaram à adoção da bandeira vermelha
O longo período de estiagem, que derrubou as represas das hidrelétricas a níveis preocupantes, associado à retomada da economia, que aumentou o consumo de energia, obrigou o governo a acionar as termelétricas, que geram uma energia mais cara.
Resultado disso foi o aumento das conta de luz, com adoção da bandeira vermelha nível 2 – com cobrança adicional de R$ 6,24 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos.
E também uma preocupação com a possibilidade de apagões no País em 2021.
Os últimos dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), porém, mostram que as preocupações com um eventual desabastecimento – como chegou a expressar o próprio presidente Jair Bolsonaro na semana passada – podem ficar para trás.
A previsão do órgão para dezembro era que as vazões (quantidade de água que chega aos reservatórios) atingissem 47% da média histórica no Sudeste e 64% no Sul.
Na primeira revisão de dezembro, a projeção subiu para 60% no Sudeste e 143% no Sul.
“É necessário muito cuidado nas análises para o suprimento da energia no ano que vem”, diz Luiz Barroso, diretor-presidente da PSR, uma das maiores consultorias de energia do país.
“Estamos na transição para o período úmido e, como o setor sempre faz, é necessário monitorar a situação de perto.”
Se as estimativas estiverem certas, deve haver um recuo nos preços de energia em todo o país.
Isso porque os modelos computacionais que definem esse custo são muito influenciados pela previsão de chuvas.
Segundo Barroso, o preço dos contratos negociados no mercado livre de energia para o primeiro trimestre de 2021 já apontam essa tendência.
O mercado livre, no qual o consumidor escolhe de quem comprar, responde por quase um terço de toda energia consumida no país e mais de 80% do consumo industrial.
Com as novas informações do ONS, o presidente da PSR descarta a possibilidade de que falte energia para o crescimento do Brasil em 2021.
Segundo ele, devem entrar no sistema 5 mil megawatts (MW) de energia nova no ano que vem, dos quais 1,2 mil MW de térmicas a gás e o restante em energia renovável (eólica e solar).
Jirau, por exemplo, a quarta maior hidrelétrica do País, tem capacidade de geração de 3,7 MW.
Diante do cenário atual de retomada da economia e a necessidade de acionamento de termelétricas, a flutuação de preços é normal, diz o presidente da Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia (Abrace), Paulo Pedrosa.
“O país tem abundantes recursos energéticos e o problema maior neste momento é de custo elevado, e não de abastecimento”.
“De fato, houve um crescimento de carga, o que indica que a economia voltou a funcionar e isso é, de certa forma, positivo.”
Para Pedrosa, é cedo para que sejam tomadas decisões que aumentem custos no presente em nome da segurança futura.
“Como dezembro é o primeiro mês do período úmido, é cedo para dizermos se haverá riscos para a segurança do sistema”, disse.
“Isso chama a atenção para a importância de modernizar o setor elétrico e torná-lo mais eficiente e seguro, combatendo subsídios e comportamentos oportunistas.”
Outro aspecto que deve ser considerado nas avaliações sobre o setor é a participação cada vez maior de termelétricas e renováveis na matriz energética.
Essa é uma tendência que vai se acentuar nos próximos cinco anos, diz o presidente do Instituto Acende Brasil, Claudio Sales.
“No passado, a geração elétrica era basicamente hidráulica. Hoje temos uma participação relevante de fontes com características muito próprias, como as termelétricas em maior escala e as flexíveis”, afirmou, em referência à intermitência das fontes solar e eólica.
*Informações CNN Business