Reinfecção cada vez mais comum por Covid; quanto tempo dura imunidade após infecção

  • Cláudia Canelli
  • Publicado em 14 de julho de 2022 às 18:00
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Muitas pessoas estão pegando covid pela segunda ou terceira vez, o que está relacionado às variantes e ao relaxamento das medidas preventivas

Foi-se o tempo em que os cientistas pensavam que pegar covid era uma experiência que cada um de nós só teria uma vez na vida.

Atualmente, se sabe que a reinfecção está se tornando cada vez mais comum e, em casos mais raros, pode até acontecer com uma janela de intervalo de poucos dias entre o primeiro e o segundo quadro.

Porém, a janela de imunidade pós-covid mais aceita entre os especialistas nos dias de hoje varia entre três meses a cinco anos.

Com o espalhamento das novas variantes, especialmente as sublinhagens derivadas da ômicron, como a BA.2 e a BA.5, os casos de reinfecção se tornaram muito mais comuns. Em alguns indivíduos o segundo episódio da doença acontece num intervalo bem curto, de poucas semanas após o primeiro quadro.

Um drible muito efetivo

Segundo uma notícia da BBC News Brasil, há diversos motivos que ajudam a entender por que em alguns casos a imunidade dura muitos anos (ou até para sempre) e, em outros, ela vai embora rapidinho.

Um dos principais fatores tem a ver com as próprias características do vírus e a interação que ele tem com nosso organismo.

Vamos começar com a parcela desses patógenos que é estável e permanece praticamente igual ao longo de décadas ou séculos.

Essa característica representa uma boa notícia para o sistema imune, que consegue reconhecer o agente infeccioso e resgata as instruções de como combatê-lo, graças à infecção prévia ou à vacinação.

Metamorfose

Agora, imagine o cenário oposto, que acontece quando os vírus circulam com muita rapidez e são uma verdadeira metamorfose ambulante?

Esse é o caso do Sars-CoV-2, o coronavírus responsável pela pandemia atual: ele sofre mutações genéticas a todo o momento conforme é transmitido de pessoa para pessoa.

Se essas alterações trouxerem vantagens ao patógeno — como uma maior facilidade para infectar as células ou a capacidade de driblar a resposta imune, por exemplo — elas vão prosperar.

É assim que surgem as variantes de preocupação. Essas novas versões do vírus ganham terreno e estão por trás de reedições nas ondas de casos, hospitalizações e mortes.

Cinco variantes

Ao longo dos últimos dois anos e meio, vimos esse fenômeno acontecer ao menos cinco vezes, com a chegada das variantes alfa, beta, gama, delta e ômicron.

Mais recentemente, o aparecimento de subvariantes derivadas da ômicron, como a BA.2 e a BA.5, acelerou e aprofundou ainda mais esse processo.

Em suma, todas essas linhagens carregam mudanças nos genes que apareciam no vírus “original”, detectado pela primeira vez em janeiro de 2020 em Wuhan, na China.

Do ponto de vista das nossas defesas, esse fato representa uma péssima notícia. Isso porque a resposta imune obtida através de uma infecção prévia ou da vacinação se torna cada vez mais desatualizada.

Menos efetivos

Com o passar do tempo — e o surgimento de novas variantes com mutações genéticas mais diversas — o resultado do trabalho dos linfócitos B torna-se cada vez menos efetivo.

Isso porque os anticorpos que eles fabricam são montados especificamente para neutralizar o causador da primeira infecção — ou, de preferência, estão alinhados à formulação original da vacina, que carrega instruções para combater as versões mais antigas do vírus.

Ou seja: se uma variante que tenta invadir o corpo apresenta mudanças significativas na estrutura, os tais anticorpos não conseguem mais agir como se esperava.


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