Projeto de estrada cortando parque das cataratas de Iguaçu ameaça áreas de proteção

  • Cláudia Canelli
  • Publicado em 21 de junho de 2021 às 16:00
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A abertura de uma “estrada-parque” em um trecho de 18 quilômetros, foi recentemente aprovado pela comissões da Câmara dos Deputados

Paisagem deslumbrante das cataratas do Iguaçu

Uma das paisagens naturais mais impressionantes do Brasil e reconhecida pela Unesco, o Parque Nacional do Iguaçu, que abriga as cataratas, no Paraná, pode ser cortado ao meio por uma rodovia asfaltada.

Trata-se de uma iniciativa que abre um precedente perigoso para outras áreas protegidas do país.

O caráter de “urgência” do Projeto de Lei 984, prevendo a abertura de uma “estrada-parque” em um trecho de 18 quilômetros, recém foi aprovado pela comissões da Câmara dos Deputados e pode ir a votação em plenário nas próximas semanas.

A chamada Estrada do Colono foi aberta ilegalmente em 1955 e fechada 46 anos depois por decisão judicial.

Desde então, em duas ocasiões, parlamentares paranaenses já tentaram reativar o caminho, alegando os benefícios econômicos que a rodovia traria para a região.

Atualmente, o parque impõe um desvio de 180 quilômetros para ligar as cidades de Serranópolis do Iguaçu e Capanema.

Agora, é a vez do deputado federal Nelsi Conguetto Maria (PSD-PR), aliado do presidente Jair Bolsonaro e conhecido como “Vermelho”, retomar a proposta.

Mapa mostra traçado da Estrada do Colono, aberta ilegalmente nos anos 1950

O parlamentar, dono de uma construtora que atua no Estado, defende a criação de uma nova categoria, a estrada-parque, para viabilizar a obra.

A aceleração dos trâmites na Câmara mobilizaram ambientalistas e estudiosos contrários ao projeto, como a bióloga Angela Kuczach, diretora executiva da Rede Nacional Pró-Unidades de Conservação.

“Quando ele propõe a criação da categoria estrada-parque, ele está mexendo na estrutura do sistema das Unidades Nacionais de Conservação, da lei 9985 de 2000. É um baita retrocesso naquilo que a gente tem de mais sagrado, quando falamos em proteção de patrimônio natural”, afirma a pesquisadora paranaense.


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