Produtora passa ‘protetor solar’ para manter cafezal no rodízio de água em Franca

  • Rosana Ribeiro
  • Publicado em 18 de setembro de 2021 às 17:30
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

Objetivo é hidratar plantação diante da estiagem e da diminuição na irrigação diária por conta do racionamento, mas prejuízo é certo

cafezal seco em franca

Produtora rural de Franca usa produto que ajuda a hidratar as folhas de café por conta do racionamento de água na cidade

 

Em meio ao rodízio de água em Franca, que ficou mais rígido a partir deste sábado (18) por conta da falta de chuvas, a produtora rural Renata Takaoka tenta manter o cafezal dela vivo mesmo sem o recurso natural.

Para isso, começou a usar um creme que funciona como protetor solar e ajuda a hidratar as folhas, já que o racionamento também atingiu os produtores da cidade.

“A gente está passando um produto que foi desenvolvido para altas temperaturas, como se fosse um protetor solar, para ver se a gente consegue, com o pouquinho de água que tem, se consegue ficar e não evaporar. O café evapora muito, porque a folhinha está aberta, o chão está aberto”, conta.

Na fazenda dela, a lagoa usada para irrigação abastece o Rio Canoas, um dos responsáveis por enviar água às residências de Franca e que enfrenta níveis baixos nesta crise hídrica.

Irrigação reduzida

Pela lei estadual, a produtora tem outorga para usar 18 horas por dia de irrigação dos mananciais durante sete dias da semana. No entanto, por conta da seca, a quantidade caiu para dez horas semanais, com dois dias de cinco horas de serviço.

“O café bebe muita água para ele sobreviver, para ele florir, para ele encher o grãozinho, para ele suportar esse calor. O café não é de muito sol. Ele hidrata muito. Tem que hidratar ele o tempo inteiro. É muito pouco 10 horas por semana. A gente precisa pelo menos de oito a dez litros a cada dois dias, três dias, e nós não estamos conseguindo fazer isso com essa porcentagem que fomos liberados por conta da seca em Franca”, explica.

Com isso, a dona de 90 hectares de café irrigado na área rural de Franca só pode usar a água em dez hectares.

Para a escolha de quais pés seriam usados, Renata pensou naquele que vai dar os grãos no próximo ano. Porém, ela já sabe que vai ter prejuízos.

“É assustador, porque a despesa é dos 90 hectares, mas quem vai produzir são dez”, lamenta.

40% do consumo de água

Engenheira do Comitê de Bacias Hidrográficas dos rios Sapucaí-Mirim e Grande, Viviane de Sousa Peres explica que os mananciais não conseguem produzir a quantidade de água necessária para o abastecimento de Franca.

Por conta disso, foi preciso contar com a colaboração dos produtores rurais na redução das captações das irrigações nas lavouras.

De acordo com ela, eles são responsáveis por 40% do consumo de água em toda a cidade e estão cooperando no racionamento.

“A colaboração deles está muito importante. Se eles tivessem captando os sete dias da semana, conforme eles possuem a portaria de outorga, não estaria sobrando quase nada para captação do abastecimento. Eles captam no período noturno, onde dá o tempo de recarga do manancial, para durante o dia ser feita a captação quando acontece o consumo urbano”, explica.

*Informações G1

 


+ Agronegócios