Políticos dão mau exemplo: pedem sacrifícios às pessoas, mas criam novos gastos

  • Caio Mignone
  • Publicado em 20 de abril de 2021 às 20:30
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Governo pode mexer em reajuste de salários e reajustes previdenciários, pois grande parte do orçamento é consumido por folha de pagamento e previdência

Classe política não se preocupa com o povo e continua com salário garantido

 

Políticos brasileiros dão mau exemplo: pedem sacrifícios às pessoas, mas criam novos gastos a todo o momento.

Enquanto a população faz sua parte para conter a proliferação do coronavírus, a classe política ainda não foi tomada pelas mesmas sensibilidades ou preocupações.

Enquanto muitas pessoas que tinham uma vida mais tranquila hoje sobrevivem com dificuldades, muitos políticos não dão exemplo de austeridade.

Enquanto trabalhadores deixam de pagar contas por não terem mais salário no final do mês, muitos políticos continuam garantidos nos seus vencimentos. E, pior, criando ainda mais despesas.

Como não existe dinheiro público, mas dinheiro de impostos, a conta não vai fechar e a população vai pagar o custo, seja em perda de receita, seja em aumento da inflação.

O exemplo maior é o  Orçamento Federal de 2021 – aprovado pelo Congresso no fim de março com uma séria de manobras fiscais para elevar emendas parlamentares.

O Orçamento conta com uma previsão de despesas que extrapola o teto de gastos em quase R$ 32 bilhões, segundo projeção da Instituição Fiscal Independente (IFI).

Para cumprir a regra do teto de gastos, o governo precisará contingenciar todo esse montante da peça orçamentária, sob o risco de crime de responsabilidade.

Esse valor é equivalente a quase um quarto do dinheiro que o governo pode gastar com investimentos e manutenção da máquina pública.

Como opção, pode-se reduzir despesas não obrigatórias, ou negociar com o Congresso o corte nas emendas parlamentares, o que depende da aprovação de um projeto de lei.

A peça orçamentária, que ainda precisa ser sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro, subestimou gastos obrigatórios.

Dentre esses, estão os benefícios previdenciários, e também turbinou emendas parlamentares – recursos que deputados e senadores podem destinar para projetos em suas bases eleitorais.

A equipe econômica pede vetos ao texto original e a recomposição dos gastos, ao mesmo tempo que a ala política pressiona pela sanção integral, com correção das contas ao longo do ano.

Qualquer rompimento da barreira do teto passa uma imagem negativa, pois implica que a lição de casa do governo, de segurar os gastos públicos dentro do endividamento programado pelo teto, foi ultrapassado.

Isso significa um risco fiscal, um risco de entrar em uma espiral de endividamento. Ou de inflação.

Com isso, os investidores estrangeiros começam a analisar o Brasil com notas mais baixas nas qualificações de investimento.

O impacto pode ser completamente negativo, pois o país depende das reservas internacionais.


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