Na pandemia, construção e games ficam mais caros; roupa e passeio, mais baratos

  • Dayse Cruz
  • Publicado em 13 de março de 2021 às 16:00
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

Dezenas de produtos completaram o primeiro ano de pandemia muito mais caros do que começaram, muitos deles com altas que passam dos 10%

 

Itens de material de construção encabeçam a lista de produtos que tiveram grande aumento de preço no último ano

 

Em um ano desde que a pandemia de coronavírus chegou ao Brasil, a inflação se tornou rapidamente um dos principais desafios econômicos do governo, que, além da missão de reavivar a atividade e o emprego, precisa agora também se preocupar com aumentos de preços cada vez mais fortes nos últimos meses.

Divulgado na última quinta-feira (11), o Índice de Preços ao Consumidor Amplos (IPCA) mostrou que a inflação oficial do país em 12 meses avançou para 5,2% em fevereiro, a maior variação desde janeiro de 2017.

Os resultados do IPCA mostram o comportamento médio dos preços no período que foi de março de 2020 a fevereiro de 2021, revelando, portanto, o primeiro retrato completo de um ano de pandemia no Brasil.

O coronavírus teve sua primeira infecção confirmada no país no final de fevereiro do ano passado, e levou às primeiras medidas de isolamento em março.

Mais coisas subindo

Além de preços subindo mais rápido, o IPCA de fevereiro mostra também uma inflação mais generalizada: se, há um ano, pouco mais de 50% dos cerca de 400 itens acompanhamentos pelo levantamento estavam em alta, uma proporção natural para uma inflação sob controle, hoje esse número já está em 63%, de acordo com cálculos feitos pela corretora Genial Investimentos.

Alimentos e combustíveis, que estão ligados a produtos vendidos do mercado internacional e sofreram diretamente com o câmbio, estão entre as principais pressões deste ano.

A gasolina, só em fevereiro, subiu 7%, de acordo com o IPCA, puxada pelas altas do petróleo e do dólar no mundo.

Os alimentos, neste um ano de pandemia, têm alta de quase 20% nos supermercados, com alguns, como o arroz e óleo de soja, tendo subido mais de 70%.

Há para além deles, porém, dezenas de outros produtos que também completam o primeiro ano de pandemia muito mais caros do que começaram, muitos deles com altas que passam dos 10%.

A lista é recheada, especialmente, de materiais de construção, que viram um aumento enorme na demanda após a entrada em circulação do auxílio emergencial no ano passado, e de eletroeletrônicos, impulsionados duplamente pelo dólar mais caro e pelo tempo maior das pessoas em casa.

Em um ano marcado pelo “home office”, os computadores ficaram 21% mais caros, mostra o IPCA, enquanto os videogames subiram 19%. O preço da televisão avançou 17%.

Tijolo (29%), hidráulica (24%), pisos (19%), cimento (16%) e telhas (15%) são outros itens que inundam a lista das 20 maiores altas da pandemia, já desconsiderados os alimentos.

O lado em liquidação

Há, porém, na outra ponta, uma espécie de realidade paralela da inflação em que o isolamento e o medo de sair seguem ditando o ritmo, e puxando os preços para baixo.

É onde estão, por exemplo, as passagens aéreas e as viagens por aplicativo, como Uber e 99, que tiveram queda de 26% e 15% nos preços em um ano, respectivamente, e lideram as quedas do período.

A lista das maiores quedas também é repleta das mais diversas peças de roupas, que, na média, custam 0,4% menos do que em fevereiro do ano passado.

Hotéis (-10%), cinemas (-2%), cabeleireiros (-0,4%) e casas noturnas (-0,4%) são outros serviços que, sem clientes, se viram obrigados a recorrer às promoções.

“Há toda essa outra parte da inflação que está andando muito devagar, puxada pelos serviços, que estão muito mais ligados ao desemprego alto e à dinâmica mais lenta do mercado doméstico”, disse a diretora de macroeconomia da Tendência Consultoria, Alessandra Ribeiro.

*Informações CNN


+ Economia