Mais de 20% de bares e restaurantes têm dívidas que um ano de faturamento não paga

  • Teo Barbosa
  • Publicado em 13 de maio de 2021 às 19:30
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O momento é de dificuldade e incerteza principalmente em relação ao apoio governamental, visto em outros países como fundamental

Os bares e restaurantes estão se reinventando para enfrentar a crise causada pela pandemia de Covid

A nova pesquisa realizada pela Associação Nacional de Restaurantes (ANR), em parceria com a consultoria Galunion, especializada no mercado food service, e com o Instituto Foodservice Brasil (IFB) mostra um alto nível de endividamento das empresas do setor na pandemia.

Segundo os números, 71% dos bares e restaurantes afirmam ter dívidas.

Desse total, 79% devem para bancos, 54% estão com impostos em atraso e 37% têm débitos com fornecedores.

A pesquisa, feita entre 9 de abril e 5 de maio, contou com 650 empresas de diversos perfis – de redes a independentes – de todos os estados brasileiros.

Dos empreendimentos ouvidos, 29,2% têm dívidas totais que representam de 1 a 3 meses de faturamento mensal médio de 2020.

Mas a maioria está em pior situação: 28,1% afirmam que o endividamento representa de 4 a 6 meses da receita, e 15% que sobe para 7 a 12 meses.

Dívidas maiores que um ano de funcionamento

19,4% do total têm dívidas que representam mais de um ano de faturamento e apenas 8,3% dizem que o total é menor que um mês da receita.

Outro dado alarmante para o setor é a quantidade de bares, restaurantes e similares que afirmaram não ter mais recursos para funcionar em casos de novas restrições ou lockdown.

66% afirmam que o capital de giro não dura mais de 30 dias.

A pesquisa também apontou que desde o início da pandemia 64% promoveram demissões. Na média, 21% dos colaboradores foram desligados.

A pesquisa quis saber como foi o faturamento do mês de março de 2021 em comparação com o mesmo mês em 2019, quando ainda não havia pandemia.

40% tiveram queda acima de 51% e outros 22% apontaram que houve diminuição de faturamento entre 26% e 50%.

Programas de apoio

O uso do Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEm) caiu entre bares e restaurantes.

Há um ano, a pesquisa apontou que 76% fizeram uso da medida que autoriza a suspensão de contratos e redução de jornadas. Hoje a adesão é de 48%.

Quando perguntadas sobre quais os tipos de ajuda consideram fundamentais para enfrentar a crise, a imensa maioria das empresas (71%) apontou que que o Governo deveria criar uma linha de crédito específica para o segmento, com alto prazo de carência.

Delivery

57% também citaram a diminuição das taxas dos aplicativos de delivery como outro fator importante no combate à crise.

O horário limitado de funcionamento e as restrições de vagas para clientes foram apontados por 41% como a principal dificuldade para o crescimento.

28% citaram a falta de confiança dos clientes para voltar a frequentar bares e restaurantes na pandemia como o maior obstáculo na retomada.

Dimensão

Para Ely Mizrahi, presidente do Instituto Foodservice Brasil (IFB), a pesquisa evidencia a dimensão do impacto da pandemia sobre a cadeia de valor do Foodservice.

“O momento é de dificuldade e incerteza principalmente em relação ao apoio governamental, visto em outros países como fundamental para a recuperação desta indústria”, disse.

Segundo Simone Galante, CEO da Galunion, a pesquisa mostra o esforço gigantesco que o setor está fazendo para manter suas operações.

“Um dos destaque é a busca de redução do desperdício. O delivery continuou a crescer, mas em ritmo menor e através de mais canais de vendas, como o WhatsApp”, afirma Simone Galante.


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