Franca: 200 fábricas fecham em 2020 e calçados puxa perda de 4,4 mil empregos

  • Nina Ribeiro
  • Publicado em 29 de janeiro de 2021 às 11:30
  • Modificado em 29 de janeiro de 2021 às 23:09
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Couro e calçados responde por 90% do déficit de vagas acumulado pelo setor, aponta Ministério da Economia

Em Franca, setor calçadista vive um dos piores momentos em 20 anosEm Franca, setor calçadista vive um dos piores momentos em 20 anos

 

As indústrias de Franca fecharam o ano de 2020 com um déficit de 4.472 empregos, de acordo com dados do Ministério da Economia divulgados na última quinta-feira (28).

Com uma crise histórica agravada pela pandemia do novo coronavírus, além de entraves tributários, o setor de couro e calçados responde por 90% do total.

A crise sanitária só agravou um enfraquecimento das contratações observado ao menos desde 2014 na Capital do Calçado Masculino, avalia José Carlos Brigagão do Couto, presidente do Sindicato da Indústria de Calçados de Franca (Sindifranca).

Ele estima que, ao longo do ano passado, em torno de 200 fábricas encerraram as atividades.

“Não tem precedente nos últimos 20 anos. É o pior momento da história da indústria calçadista de Franca, não só na eliminação de empregos, mas de empresas que não sabemos se voltam a produzir quando a pandemia for vencida pela vacina em massa”, diz.

O setor industrial foi o que obteve o pior desempenho em 2020 entre as diferentes frentes da economia, que, juntas, acumularam uma baixa de 2.762 vagas, amenizada sobretudo pelo bom desempenho do comércio, com a abertura de 1.690 oportunidades.

O resultado também reflete a perda de 1.532 empregos em dezembro, depois de números positivos consecutivos registrados no segundo semestre em meses como outubro (2.015 vagas) e novembro (1.369).

Em abril, em um dos piores momentos da economia local, Franca perdeu 5.848 postos.

Diante do atual plano de vacinação, ainda restrito a grupos prioritários, o economista Adnan Jebailey acredita que o primeiro trimestre será ainda marcado por perdas na economia, que dependerá ainda de medidas como a concessão do auxílio emergencial para se manter parcialmente aquecida.

“Retornar o auxílio emergencial, mesmo com todos prejuízos, mesmo com o rombo do governo, as contas do governo, é essencial nesse momento”.

“Foi ele que salvou a economia brasileira em 2020 e é bem provável que o auxílio emergencial salvará também boa parte do ano de 2021.”

Perdas na indústria

No ano marcado pela pandemia do novo coronavírus, 12.614 pessoas foram admitidas pelo setor industrial, enquanto 17.086 acabaram demitidas, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Das 4.472 vagas que deixaram de existir no segmento, 4.392 foram da indústria de transformação, número dez vezes maior que o deficit registrado em 2019 – de 431.

“Esse é um ponto de ruptura de fato para a indústria de transformação, que vai ter um grande trabalho para se reinventar e voltar a contratar para ter um patamar que seja condizente com o seu tamanho e sua história”, analisa Adnan Jebailey.

As fábricas especializadas em processamento de couro e artigos como calçados fecharam 4.016 vagas, enquanto as empresas voltadas para a fabricação de produtos de borracha perderam 193.

Ao mesmo tempo, terminam com geração positiva dentro da indústria as empresas que atuam em áreas como produtos têxteis (78 vagas), alimentos (29), artigos de vestuário e acessórios (17).

O cenário ruim para as fábricas de calçados reflete problemas associados à pandemia, como o fechamento das fábricas, além da queda nas exportações, que se agravou no ano passado.

Em 2020, os empresários também enfrentaram mudanças na política fiscal que deixaram impostos mais altos para compra de matéria-prima e venda de produtos, além de impasses para a negociação com compradores estrangeiros.

“A indústria já vinha em uma descendente de vagas ao longo dos últimos anos”.

“Com a pandemia, essa crise sanitária, o fechamento da indústria por um período grande e depois o retorno sem uma resposta de compra por parte do comércio varejista calçadista, seja no Brasil, seja no exterior (…) gerou esse rombo de empregos”.

“(…) É um cenário que há algum tempo a gente vem falando, sobre alteração da matriz econômica de Franca”, afirma Jebailey.

*Com informações G1

 

 


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