Apple quer vencer Netflix e liderar o mercado de streaming de vídeos

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 6 de dezembro de 2017 às 01:21
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:28
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

Com investimento de US$ 1 bilhão e contratações de peso, empresa quer desbancar atual líder do segmento

Pioneira no mercado de streaming, a Netflix é atualmente a maior empresa do segmento, porém outras mais recentes já estão dando dor de cabeça para ela. Contudo, sua principal rival pode ainda nem ter nascido: os boatos sobre a entrada triunfal da Apple nesse meio estão cada vez mais próximos de se concretizar e com a sua chegada tudo o que conhecemos sobre streaming pode estar em jogo para os próximos anos.

Quando se fala em mercado de tecnologia não há dúvida de que a Apple seja um dos players mais importantes do setor – isso se não for o mais importante. Seus lançamentos norteiam o mercado e suas novidades são sempre seguidas de perto pela concorrência que procura se aproximar ao máximo do padrão de qualidade e inovação oferecidos por ela. Os anúncios anuais sobre o iPhone, por exemplo, são um evento que movimenta a indústria, a mídia e os compradores assim que são feitos, sendo um verdadeiro ritual aguardado por milhares ao redor do mundo.

No primeiro trimestre fiscal de 2017 – que compreende os meses de outubro, novembro e dezembro do ano anterior – a empresa anunciou que teve faturamento recorde: US$ 78,4 bilhões. O número surpreendente foi composto, principalmente, pela venda de eletrônicos, mas não foi apenas isso. Cerca de 9% de todo o lucro que tiveram veio do setor de serviços oferecidos pela marca – ou seja, US$ 7,2 bilhões do caixa da Apple veio somente de bens imateriais, como o Itunes e Apple Music.

De todas as fontes de renda da empresa o segmento de serviços foi o que teve maior alta percentual se comparado com resultados anteriores. A venda de iPhones, por exemplo, cresceu somente 5% no primeiro trimestre fiscal, enquanto que os serviços tiveram alta de 18% , resultado bastante expressivo e otimista. De acordo com um relatório da QYResearchGroup lançado em novembro a Apple está em primeiro lugar mundial quando se trata de streaming de música.

Mercado de vídeo

Com sinal verde no ramo do streaming de música, porque a Apple ainda não se aventurou com seu próprio serviço de vídeo? Não é de hoje que existem boatos sobre o lançamento de sua plataforma e o momento parece, finalmente, ter chegado – para o terror das outras empresas. Atualmente o valor de mercado da Apple está próximo de US$ 900 bilhões, enquanto que a Netflix vale “somente” US$ 75 bilhões e está lutando para atrair novos assinantes.

Com parcerias de primeira linha com atores e diretores, a Netflix tem investido alto em conteúdo original e, ao mesmo tempo, contraindo dívidas para bancar suas produções, mas a equação não está fechando: em nota de esclarecimento a empresa assumiu ter US$ 4,8 bilhões em compromissos financeiros. Com essa fraqueza exposta, o mercado parece estar sendo cada vez mais receptivo com novos nomes nessa disputa.

Depois de muita especulação e incertezas a Apple fez sua primeira grande investida na direção de que estaria pronta para lançar seu serviço de streaming de vídeo em um futuro próximo. Em agosto foi revelado que a empresa planeja fazer um investimento de  US$ 1 bilhão em conteúdo original no próximo ano.

No pacote para dar a largada no mercado de streaming, a Apple se comprometeu a fazer 10 programas, adquiriu os direitos para produzir uma série estrelada por Jennifer Aniston e Reese Whiterspoon, que é uma grande aposta para agradar tanto o público quanto a crítica – e, para muitos, tem potencial em premiações – e fechou negociação para ressuscitar Amazing Stories, série de Steven Spielberg. Nada mal para quem, até então, só tinha apenas dois programas originais e que não foram exatamente um sucesso.

A Apple tem um ponto fundamental que falta para seus futuros concorrentes: poder financeiro. O investimento de US$ 1 bilhão em conteúdo original representa apenas 0,1% do total de seu valor de mercado. A Netflix, por outro lado, anunciou que deveria colocar US$ 7 bilhões em produções próprias em 2018, contudo, isso equivale a quase 9,5% de seu valor de mercado e, se não tiver retorno, pode ser fatal para a continuidade de sua operação no futuro.

A gigante da tecnologia também está recrutando um time de excelência para dar o start do seu serviço de streaming e tem potencial para destronar as concorrentes: a executiva Jay Hunt do Channel 4, responsável pela encomenda de “Sherlock” , agora ocupa o posto de chefe das operações de vídeo da Apple na Europa. A empresa também colocou como chefes mundiais da divisão os executivos Jamie Erlicht e Zack Van Amburg, que vieram da Sony e estiveram por trás de sucessos como Breaking Bad, Better Caul Saul, The Crown e The Blacklist.

A Apple no ramo de criação é conhecida por apresentar as tendências e dar as cartas de como o jogo vai ser no ano seguinte para o mercado de tecnologia. Mesmo sem datas ou comunicados oficiais sobre um serviço de vídeo, o mesmo deve acontecer quando sua plataforma finalmente for lançada. Padrões altíssimos de qualidade e inovação são as marcas registradas da empresa – e não teria porque isso ser diferente dessa vez.

Cobrindo todas as bases necessárias para lançar um serviço de primeira classe, a Apple vai balançar o mercado de streaming . Com capacidade de investimentos que superam qualquer nome da concorrência, recrutando um time de executivos de elite, base mundial de usuários fiéis ao seu nome e, claro, sendo especialistas no quesito técnico para desenvolver sua plataforma, a empresa está com tudo para ter o serviço de streaming de vídeo na palma da sua mão nos próximos anos – agora só  resta acompanhar os desdobramentos dessa história.


+ Tecnologia