Poupança ou fundos? Especialistas contam onde é mais vantajoso investir

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  • Publicado em 31 de dezembro de 2019 às 11:55
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:12
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Especialistas apontam a diferença de rentabilidade dos principais investimentos e alertam para as taxas

No Brasil dos juros baixos, o investidor precisa diversificar as aplicações para garantir o melhor retorno. Acostumado a aplicar na poupança, o brasileiro terá de se adaptar aos novos tempos e buscar modalidades mais rentáveis.

Na hora de escolher entre a tradicional caderneta ou fundos de investimentos — uma carteira com vários ativos financeiros — é preciso ficar atento aos custos, alertam os especialistas. 

Enquanto a poupança é isenta de Imposto de Renda (IR), nos fundos, se o investimento for resgatado nos primeiros seis meses, a alíquota é de 22,5%. O dinheiro precisa ficar dois anos aplicado para que o IR baixe para 15%. Além disso, por ter um gestor, também tem taxa de administração. Nos bancos, costuma ficar entre 0,5% e 3%.

Antes de mais nada, ressalta Cesar Bergo, sócio-consultor da Corretora OpenInvest, é fundamental identificar o perfil do investidor — conservador, moderado ou agressivo — para saber qual o tipo de carteira é mais adequada. 

Os mais conservadores preferem investimentos mais seguros, enquanto os agressivos aceitam mais riscos, explica. “A poupança rende quase nada. Existem vários outros ativos muito mais interessantes. Mas é preciso ficar atento para não cair em armadilhas”, diz.

No caso da poupança, atualmente, há dois regimes de remuneração. A antiga, com aplicações antes de 2012, rendeu mais em 2019. Segundo a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), os ganhos foram de 6,17% ao ano ou 0,50% ao mês. 

A nova poupança, que remunera em 70% da taxa Selic (quando está abaixo de 8,5% ao ano), está rendendo 0,26% ao mês. Neste ano, com a Selic em 4,5% ao ano, a valorização da aplicação nessa modalidade foi de 3,15%. Mesmo com o rendimento baixo, para valores menores a poupança pode ser mais vantajosa que os fundos de investimentos por conta do desconto de IR e das taxas de administração cobradas.

O educador financeiro Leandro Bernincá, responsável pela Área de Educação Financeira da Messem Investimentos, recomenda prestar atenção em outras aplicações. “Os Certificados de Depósito Bancários (CDBs) também são um truque, rendem cerca de um ou dois pontos percentuais acima dos juros oficiais”, afirma. “Não precisa ter pressa ao montar a carteira. O importante é diversificar e encontrar o nicho conforme o perfil”, afirma.

Para Fabrizio Gueratto, financista do canal 1Bilhão Educação Financeira, o brasileiro “é obrigado a sair da caderneta se não quiser ficar mais pobre”. 

Ele ressalta que a inflação acumulada em 12 meses ficou em 3,27% em novembro, mais do que o rendimento da caderneta. “Quem aplicou R$ 2 mil por um ano e quer comprar um celular que custa o mesmo valor não conseguiria. O dinheiro teria valorizado a R$ 2.057,83, mas perdido poder de compra, pois o preço do produto estaria em R$ 2.072”, exemplifica. “Não é uma questão de ganhar mais, mas de deixar de perder dinheiro.”

Na visão do estrategista chefe da RB Investimentos, Daniel Linger, a poupança é um precursor de investimentos, com o ponto positivo de não ser afetado pelo IR. Porém, o benefício da ausência de IR e da liquidez diária não se sustenta pela baixa rentabilidade, destaca. “O CDB remunera 100% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI), o equivalente a 0,31% ao mês, ante os 0,26% da poupança. É uma troca interessante e não apresenta riscos”, opina.

Assessor de investimentos, Allan Furtado afirma que é comum encontrar pessoas em busca de atendimento após se desiludirem com o rendimento mínimo da poupança. “A porta de entrada natural são o Tesouro Direto e títulos da dívida pública”, explica. “Depois de familiarizado, o investidor deve migrar para outros investimentos e partir para corretoras”, recomenda.

Mentalidade

Antes de se tornar um investidor com um leque extenso de aplicações, o superintendente de manutenção Anderson de Souza, 38 anos, acreditava que a poupança era a melhor aplicação.

A liquidez diária combinava com seus principais objetivos, que eram se planejar para a aposentadoria e ter uma reserva de emergência. Em 2013, no entanto, buscou o apoio de corretoras. “Hoje, meus investimentos estão espalhados em vários produtos, como renda fixa e fundos de investimentos. Estou migrando para o mercado de ações”, conta. Segundo ele, a exposição ao risco é compensada por maiores ganhos.

Com apenas 20 anos, Daniel Pereira saiu da poupança. O estudante da Universidade de Brasília tem aplicações no CDB, com liquidez diária e 100% do CDI. Iniciante no mercado de trabalho em 2018, Daniel começou a investir logo após receber o primeiro salário. “O melhor é pular a poupança e partir para o CDB. Se não buscar informação, a pessoa acaba se acomodando e deixa o dinheiro parado por ser mais fácil”, assinala.


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