Acertos, erros e polêmicas: evolução de Gugu Liberato na história da TV brasileira

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 23 de novembro de 2019 às 02:37
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:03
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Gugu fez história na TV brasileira. Foi um dos grandes nomes dos tão disputados domingos.

​Morreu Gugu LiberatoO apresentador não resistiu ao acidente doméstico que sofreu na última quarta-feira (20): uma queda de 4 metros de altura que atingiu, principalmente, a cabeça. 

Gugu fez história na TV brasileira. Foi um dos grandes nomes dos tão disputados domingos. 

Foi um dos mais bem-sucedidos profissionais do veículo no que tange à audiência, bem como junto ao departamento comercial. 

Também esteve no centro de muitas polêmicas. Uma trajetória vitoriosa; lamentavelmente, encerrada precocemente.

Antônio Augusto Moraes Liberato, nascido em 10 de abril de 1959, chegou à televisão por intermédio de Silvio Santos, então contratado da Globo.

Sempre gostei muito de televisão, um dia fiz uma análise do seu programa e o Silvio mandou me chamar. […] Foi uma sorte, porque essas cartas não costumam ser lidas“, declarou ele ao Jornal do Brasil, de 6 de dezembro de 1987. 

Eram quatro as ideias do menino Gugu, então com 14 anos; todas adquiridas por Silvio. “Ele me pagou Cr$ 50 por cada ideia e ganhei num único dia mais do que o meu salário, que era Cr$ 156“, revelou, também ao Jornal do Brasil, em 7 de maio de 1990. 

Mas engana-se quem pensa que o menino, contratado por Silvio, apaixonou-se “de cara” pelo meio. Deixou o “patrão” para estudar Odontologia em Marília, interior de São Paulo. 

Silvio Santos, sábio, o alertou: “Você não vai gostar de ficar olhando as bocas das pessoas“. Dito e feito. Gugu deixou a faculdade, migrou para rádio e, meses depois, estava matriculado no curso de Jornalismo da Fundação Cásper Libero, ainda hoje responsável pela TV Gazeta. 

O regresso à TV se deu por intermédio da Record, como repórter do programa Caravela de Saudade. O salário de Cr$ 6 mil foi triplicado por Silvio Santos: passou a repórter especial e produtor. 

Em 1981, o “homem do Baú” arrebata, assim como Adolpho Bloch, as concessões da recentemente extinta Tupi. Nasce, no mesmo ano, a TVS – depois SBT –; dois anos depois, a Manchete. E Gugu ganha mais uma chance no vídeo…

Transmitido aos sábados a partir das 21h30, vem obtendo uma audiência média de quase 19 pontos no Ibope de São Paulo, correspondentes a 1,5 milhão de telespectadores

 “A Globo não vai liberar Augusto Liberato. O contrato está assinado e tem que ser cumprido”, teria dito Roberto Marinho ao próprio Silvio, de acordo com o Jornal do Brasil de 10 de fevereiro de 1988. 

Dois dias depois, o mesmo periódico trazia detalhes do acordo de Gugu com o ex, então atual “de novo”, patrão. “60 mil dólares (cerca de cinco milhões de cruzados) mensais por cinco anos de contrato, com renovação garantida. […] 12 minutos por dia de merchandising no SBT […] 90 textos por mês para divulgação de 30 segundos cada, atingindo mais de 40 emissoras do SBT em todo o território nacional”, os dois últimos itens direcionados aos negócios dele e de Beto Carrero. 

A Globo negou, por meio de nota oficial, as negociações de Roberto Marinho e Silvio Santos pelo passe de Gugu Liberato. Alegou, segundo o JB de 13 de fevereiro de 1988, que o então ex-contratado tentou renegociar o contrato, a partir da proposta que recebera do SBT.

A emissora-líder considerou a solicitação salarial “inviável e descabida, pois além de não apresentar possibilidades de retorno comercial seria inadmissível pagar ao apresentador qualquer valor que ferisse os padrões salariais do elenco principal”. 

Em abril de 1988, Gugu fez sua estreia no domingo do SBT. Assumiu o Passa ou Repassa então a cargo de Silvio Santos; dividiu com o mestre o Roletrando – correspondente ao Roda a Roda Jequiti de Rebeca Abravanel – e lançou o Cidade Contra Cidade, clássico já conduzido por Silvio na década de 1960. 

A chegada do pupilo ao Programa Silvio Santos rendeu coletiva de imprensa capitaneada pelo “patrão”, sempre avesso às entrevistas do tipo. O acordo, e posteriormente o destrato, de Gugu Liberato – Globo acirrou a disputa com o SBT. 

Em meio à transferência que não se concretizou, Silvio arrebatou Jô Soares, seduzido pela proposta de lançar seu talk-show na emissora então “líder absoluta do 2º lugar”. 

A Globo pensou, a princípio, em suprir a ausência do loirinho com a loiríssima Xuxa Meneghel, no auge do sucesso do Xou da Xuxa (1986) e do hit Ilariê. Acabou acertando mesmo foi com Fausto Silva, então na Band


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