Por que o desemprego não cai mesmo com mais vacinas e sinais de recuperação?

  • Cláudia Canelli
  • Publicado em 10 de julho de 2021 às 16:30
  • Modificado em 10 de julho de 2021 às 20:08
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O Itaú-Unibanco, que produz um indicador próprio, calculou taxa menor que a da Pnad, apontando que o ano termina com de 13,8% de desemprego

Um dos componentes do cálculo da taxa é justamente o número de pessoas que procuram emprego, mas não encontram.

Apesar dos sinais de recuperação de economia, a taxa de desemprego não cai.

Pior que isso, se manteve em 14,7% em abril, o maior patamar da série história da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), calculada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Especialistas ouvidos pela editora Fabiana Futema, do portal Minutos, dizem que a taxa não cai tão cedo, mesmo com a recuperação da economia e com o avanço, ainda um pouco lento, da vacinação contra a covid-19 pelo país.

É que um dos componentes do cálculo da taxa é justamente o número de pessoas que procuram emprego, mas não encontram.

“Com o avanço da vacinação, as pessoas se sentirão mais seguras para buscar emprego. O aumento da confiança na economia também anima a procura por trabalho”, afirma José Ronaldo Souza Junior, diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas).

Ele acrescenta que esse movimento, sozinho, deve pressionar a taxa para cima

O que pode ajudar na queda do desemprego?

Além da manutenção dos sinais de retomada, Souza Junior diz que é importante que aconteça uma recuperação do setor de serviços.

“Serviços ainda estão muito abaixo do patamar pré-pandemia”, afirma Souza Junior.

Atividades desse setor, como recreação, lazer, cultura, eventos esportivos, turismo, bares e restaurantes, depende muito da vacinação. Para esse segmento voltar, a vacinação precisa avançar mais.

Que tipo de emprego volta antes?

O que volta antes são os empregos informais e autônomos, até porque foram os mais castigados pelas restrições de circulação de pessoas.

Os informais e os por conta própria devem ser os primeiros a dar sinais positivos, até porque são atividades que não dependem de outra pessoa, mas do próprio trabalhador.

Quando o emprego dá sinais de vida?

Apesar da taxa recorde medida pela Pnad, os especialistas dizem que o emprego já deu alguns sinais de recuperação.

Já está havendo uma reação do mercado de trabalho. Para profissionais com ensino superior, o emprego já voltou para o patamar pré-crise. Mas as pessoas de menor escolaridade têm mais dificuldade para encontrar trabalho.

O Itaú-Unibanco, que produz um indicador próprio, o Idat-Emprego, calculou uma taxa menor que a da Pnad, de 13,8%.

“Vemos uma recuperação mais forte do emprego formal e da taxa de participação. O emprego formal já recuperou os níveis pré-pandemia”, afirma relatório assinado por Mário Mesquita, economista-chefe do Itaú.

Como fica o desemprego no fim do ano?

O Ipea não fez uma projeção para a taxa de desemprego no fim do ano. Para a FGV, a taxa de desemprego ainda pode subir no segundo e terceiro trimestre e terminar o ano com ligeira queda.

Já o departamento de economia do Itaú está mais otimista e prevê que a taxa termine o ano em 12,1%.


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