Tirar selfie se torna cada vez mais comum e em alguns casos, chega à compulsão

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  • Publicado em 4 de janeiro de 2017 às 23:45
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:05
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Pesquisas apontam que de cada 10 pessoas, pelo menos oito têm o hábito de fazer selfies diariamente

Os anônimos adoram, mas nem mesmo os famosos, políticos, esportistas e religiosos escapam dos já popularizados autorretratos registrados por um smartphone e publicados em uma rede social. O hábito conhecido como “selfie” – redução da palavra self-portrait, em inglês -, virou mania mundial depois do Oscar 2014, quando a apresentadora Ellen Degeneres registrou uma selfie com outros artistas. Foi o suficiente para que milhões de pessoas em todo o mundo adotassem a prática quase como uma atividade diária e cada vez mais comum.

É o caso do operador de caixa Wagner Marinho Brito, 27 anos. Ele não vai trabalhar sem antes tirar uma selfie e postar em sua página no Facebook. Além disso, sempre que está em algum lugar diferente, procura registrar o momento. “Amigos, família, pessoas distantes e gente que nem imaginamos curtem nossas fotos. Querendo ou não, é uma forma de nos sentirmos admirados”, acredita Wagner.

E ele não é o único a pensar assim. Pesquisas apontam que de cada 10 pessoas, pelo menos oito têm o hábito de fazer selfies. Franca segue a mesma tendência. Basta acessar Facebook, Twitter e Instagram para verificar que com um celular à mão e a popularização das redes sociais, a foto no banheiro, na academia, fazendo biquinho, ou registro bem íntimo tem se tornado comum. “As pessoas gostam de se relacionar e de contar aspectos de sua vida às outras e a web potencializou esse comportamento”, avalia a psicóloga Ivalda Dias. Outro fator é que o Instagram, o mais popular aplicativo para postar fotografias, permite aos usuários se tornar uma espécie de “microcelebridade”. Quem publica imagens tem a sensação de inspirar seus seguidores em diferentes aspectos – desde o jeito de vestir até a prática de atividades físicas.

A fundo na questão

A professora de Educação Física, Veridiana Nascimento, 46 anos, concorda. Inclusive, o que era uma brincadeira no início, se tornou um vício: ela não consegue mais ficar sem tirar selfies, independente do lugar e da situação. “Faço selfies na academia, nas viagens, quando estou na casa dos meus pais, com meus filhos, com meus amigos, em banheiros públicos, durante o intervalo de trabalho, com meus alunos, enfim, estou tirando fotos o tempo todo”, conta. Questionada se isso não a incomoda, Veridiana é enfática: “gosto de ver as pessoas se alimentando bem e praticando exercícios; então comecei a usar o Instagram e o Facebook com essa finalidade. Hoje, além de postar fotos sobre isso, coloco situações pessoais que gosto e não vejo problema algum”.

Mas não é o que pensa a maioria dos especialistas em comportamento humano, que acredita que a necessidade de exposição excessiva na internet, criada pela síndrome de subcelebridade, se tornou uma uma compulsão e, em alguns casos, pode ser classificada como fuga de problemas psicológicos como carência ou depressão. “O indivíduo que posta esses autorretratos diariamente na internet pode estar apresentando apenas um desejo de se exibir ou chamar atenção. querendo mostrar que está feliz, triste ou com raiva. O fato pode ser entendido como uma carência, uma vontade de que as pessoas o vejam. Tudo em exagero não é bom”, reforça a psicóloga, que completa: “um indivíduo que passa a maior parte do tempo tirando fotos e postando na internet pode significar que tenha algum sintoma por trás, como depressão ou alguma compulsão. Então, ele usa da selfie para mascarar o sintoma”, explica.

Cuidados na hora de postar

  • Intimidade:
  • Avaliação:
  • Seja criativo:

cuidado com fotos sexies, jamais exponha momentos íntimos;

Evite situações constrangedoras, analisando a imagem e o texto pelo menos duas vezes antes de postar;

Opte por superfícies que reflitam, como uma poça de água, e outras posições fitness, evitando o espelho do banheiro e as mesmas fotos da academia.