Justiça condena ex-prefeito e seu irmão por desvio de verbas em Igarapava

  • Joao Batista Freitas
  • Publicado em 3 de setembro de 2020 às 22:38
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 21:11
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Envolvidos em corrupção e desvio de recursos públicos, irmãos Freitas pegam mais 65 anos de cadeia

Policiais durante a prisão dos irmãos Freitas em Igarapava - condenação dos envolvidos surpreendeu até a defesa dos acusados

O ex-prefeito, Carlos de Freitas, e seu irmão, Sérgio Freitas, que estiveram no comando da Prefeitura de Igarapava e foram envolvidos em escândalos, pegaram mais uma condenação: 65 anos de cadeia. 

Preso e condenado em outros dois processos, Carlos Augusto Freitas foi acusado de ter solicitado vantagens indevidas em contratos firmados entre 2014 e 2016. Também investigado, irmão dele recebeu condenação de 40 anos.

Carlos Augusto Freitas, foi condenado em primeira instância a 65 anos de prisão por corrupção passiva ao receber, segundo o Ministério Público, vantagens indevidas em contratos firmados entre 2014 e 2016. 

Pelo mesmo crime, além de lavagem de dinheiro e usura, o irmão dele, Sérgio Augusto, foi condenado a 40 anos de reclusão.

Alvos da Operação Pândega e presos na Penitenciária de Tremembé (SP) desde julho de 2017, os irmãos já tinham sido condenados em mais dois processos por práticas como organização criminosa, usurpação de função pública e uso de documentos falsos, apuradas no âmbito da força-tarefa do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Franca , que apontou fraudes em licitações de R$ 26,4 milhões em Igarapava entre 2013 e 2016.

Carlos Eduardo Izidoro, advogado do ex-prefeito, disse ao G1 que a defesa ficou perplexa com a nova condenação e que vai recorrer, assim como já está recorrendo das outras sentenças.

O advogado do irmão do ex-prefeito, Sergei Cobra Arbex, informou que Sérgio não possuía cargo ou função pública na Prefeitura na época das acusação e que condenação é baseada somente na palavra dos delatores. 

A defesa vai recorrer ao Tribunal de Justiça.

Deflagrada em 2017 pelo MP, com apoio da Polícia Militar, a Operação Pândega teve acesso a documentos e delações premiadas de uma ex-servidora e empresários que levaram a denúncias apresentadas em cinco processos.

Em janeiro de 2019, Carlos Augusto e Sérgio foram respectivamente condenados a 14 e 21 anos de prisão em uma ação por corrupção passiva e fraude em licitação;

Em agosto do mesmo ano, eles foram condenados em outro processo por organização criminosa. 

Carlos recebeu pena de 14 anos em regime fechado e mais 36 em regime semiaberto, além do pagamento de multa. Já Sérgio Augusto foi condenado a 13 anos de reclusão e 26 anos no regime semiaberto;

No terceiro processo, deste mês, os irmãos foram condenados por corrupção passiva, com penas de 65 e 40 anos de prisão em regime fechado;

CONDENAÇÕES 

Carlos Freitas, pegou 65 anos, e Sergio Freitas, seu irmão, 40 anos na terceira condenação

Outras duas ações penais tramitam sem decisão: uma aponta fraude em procedimento licitatório e corrupção passiva, e outra levanta indícios de que, no âmbito dos crimes cometidos contra a administração pública, vereadores e ex-vereadores receberam vantagens indevidas para formar a base aliada do então prefeito Carlos Augusto Freitas na Câmara entre 2013 e 2016.

Contra Sérgio Augusto também pesa uma pena de 30 anos pela morte do prefeito Gilberto Soares dos Santos, o Giriri, em 1998, de quem era vice. 

Ele assumiu a chefia do Executivo após o assassinato.

Na terceira ação resultante da força-tarefa, o MP acusou Freitas e o irmão de terem recebido de empresários ao menos R$ 653 mil por contratos firmados para serviços de transporte na educação e na saúde. 

A prática, de acordo com a Promotoria, foi realizada sete vezes entre 2014 e 2016.

O Ministério Público também solicitou que os dois acusados passassem a responder por corrupção passiva em vez de concussão, pelo entendimento de que eles não exigiram, mas sim solicitaram as vantagens que foram recebidas, e que os pagamentos foram realizados voluntariamente pela empresa contratada.

Em decisão expedida na última terça-feira (1º), o juiz Joaquim Augusto Simões Freitas não só acatou a denúncia como também o pedido de modificação no crime, com base em decisões anteriores do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

A ação também acusa Sérgio Augusto de ter ocultado, entre novembro e dezembro de 2016, a origem e a destinação de R$ 341 mil obtidos pelos crimes investigados.

A Promotoria também menciona a dissimulação da propriedade de um jet-ski e de um carro.

Segundo o magistrado, tanto a lavagem quanto a origem ilícita do dinheiro, além da ocultação dos veículos, estão demonstradas na peça acusatória. 

De acordo com a acusação, a transferência desses bens coincide com o início das investigações do MP.

Além disso, o irmão do ex-prefeito foi acusado de ter praticado usura por quatro vezes entre janeiro e junho de 2017, ao cobrar juros sobre dívidas em dinheiro a taxas superiores às permitidas por lei.

Com base nesses argumentos, o juiz condenou o ex-prefeito Carlos Augusto Freitas a 65 anos de prisão e quatro meses de prisão em regime fechado, além de multa. 

Sérgio Augusto Freitas, por sua vez, foi condenado a 40 anos de prisão em regime fechado, mais sete meses e 15 dias de prisão em regime aberto, além de multa.


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