Você sabia que o cérebro pode adivinhar o futuro enquanto ouvimos música? Entenda!

  • Rosana Ribeiro
  • Publicado em 5 de setembro de 2021 às 11:30
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Seja ouvindo um concerto de Bach ou as últimas músicas pop no Spotify, o cérebro humano não espera passivamente pelo que vai acontecer

Descoberta contradiz teorias anteriores de como o cérebro humano processa a música

 

Seja ouvindo um concerto de Bach ou as últimas músicas pop no Spotify, o cérebro humano não espera passivamente que a música se desenrole.

Em vez disso, quando uma frase musical tem uma qualidade não resolvida ou incerta, nosso cérebro prediz automaticamente como a melodia vai se desenrolar.



Essa descoberta contradiz as teorias anteriores sobre como o cérebro humano processa a música: os cientistas consideravam até agora que as frases musicais seriam percebidas olhando para o passado, em vez de para o futuro.

“O cérebro está constantemente um passo à frente e busca equivalência para as expectativas do que está para acontecer,” explica o professor Niels Hansen, da Universidade Aarhus (Dinamarca).

“Esta descoberta desafia as suposições anteriores de que as frases musicais parecem terminadas somente depois que a próxima frase começa.”

Frase musical

Hansen e seus colegas concentraram suas pesquisas em uma das unidades básicas da música, a frase musical – uma sequência ou padrão de sons que formam um “pensamento” musical distinto dentro de uma melodia.

Como uma frase falada, uma frase musical é uma parte coerente e completa de um todo maior, mas pode terminar com alguma incerteza sobre o que vem a seguir na melodia.

A pesquisa mostrou que os ouvintes usam esses momentos de incerteza, ou alta entropia, para determinar onde uma frase termina e outra começa.

“Sabemos muito pouco sobre como o cérebro determina quando as coisas começam e terminam,” disse Hansen.

“Aqui, a música fornece um domínio perfeito para medir algo que de outra forma seria difícil de medir – ou seja, a incerteza.”

Oráculo cerebral

Para estudar o poder de predição musical do cérebro, os pesquisadores pediram que 38 participantes ouvissem, nota por nota, as melodias dos corais de Bach.

Os participantes podiam pausar e reiniciar a música pressionando a barra de espaço no teclado do computador.

Foi dito aos participantes que eles seriam testados posteriormente sobre o quão bem eles se lembravam das melodias.

Isso permitiu que os pesquisadores usassem o tempo que os participantes se demoravam em cada tom como uma medida indireta de sua compreensão do fraseado musical.

Em um segundo experimento, 31 participantes diferentes ouviram as mesmas frases musicais e avaliaram o quão completas elas soavam.

Os participantes julgaram que as melodias que terminavam em tons de alta entropia eram mais completas – e permaneceram nelas por mais tempo.

“Fomos capazes de mostrar que as pessoas têm uma tendência a experimentar tons de alta entropia como terminações de frases musicais”.

“Esta é uma pesquisa básica que nos torna mais conscientes de como o cérebro humano adquire novos conhecimentos não apenas da música, mas também quando se trata de linguagem, movimentos ou outras coisas que ocorrem com o tempo,” disse Haley Kragness, da Universidade de Toronto (Canadá) e coautora do estudo.

Os pesquisadores esperam que seus resultados possam ser usados para otimizar a comunicação e as interações entre as pessoas – ou, alternativamente, para entender como os artistas são capazes de provocar ou “enganar” o público.

*Informações Diário da Saúde


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