Viver de renda ou planejar a aposentadoria? Veja quanto dinheiro você terá de juntar

  • Robson Leite
  • Publicado em 30 de novembro de 2021 às 21:30
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Primeiro passo é fazer uma radiografia da vida financeira, com hábitos, gastos, receitas presentes e futuras, quanto entra e quanto sai a cada mês

Planejar financeiramente o futuro não é fácil. Todos sabemos que, mais cedo ou mais tarde, chegará a hora de parar de trabalhar – e, quando isso acontecer, precisaremos ter acumulado recursos que nos mantenham pelo resto da vida. E a pergunta de um milhão de dólares é justamente essa: quanto dinheiro eu tenho que juntar até lá?

E, segundo matéria do portal 6 Minutos, não há uma resposta única. Cada um de nós tem sua própria realidade de despesas e receitas, que compõem o padrão de vida ao qual nos acostumamos.

Uns não abrem mão de viajar, outros se realizam com bens materiais, há os que se sentem melhor apertando os cintos para economizar sempre. E há os que nunca conseguem fazer o dinheiro sobrar.

Por isso, o primeiro passo é fazer uma radiografia completa da própria vida financeira, com hábitos, gastos, receitas presentes e futuras, quanto entra e quanto sai a cada mês. Isso dará uma percepção realista de quanto é possível poupar, dentro do estilo de vida atual.

Em seguida, é hora de imaginar onde você quer chegar: quando se aposentar e qual vida gostaria de levar. Colocar lado a lado quanto será necessário acumular e quanto se consegue poupar dará a oportunidade de ajustar a rota, mudar hábitos e seguir uma estratégia que faça a conta fechar.

Comece pelo começo

O ponto de partida é definir com que idade você pretende parar de trabalhar. Isso vai determinar qual será seu prazo para a acumulação dos recursos necessários.

A próxima variável é qual a renda que você gostaria de ter. Sabendo onde está e onde gostaria de chegar, você tem condições de construir um percurso de poupança e investimento até lá.

Imagine como você gostaria de estar daqui a 10, 20 ou 30 anos e pense no que quer fazer no caminho até lá: comprar uma casa, trocar de carro, criar seus filhos, custear uma universidade.

“Às vezes o investidor foca apenas no final, deixa passar essas questões e isso acaba distorcendo o planejamento e impedindo que ele chegue onde planejou”, aconselha a economista Ariane Benedito, da CM Capital.

A renda ideal

Você terá que arregaçar as mangas e botar no papel todas as suas despesas e custos – não apenas os fixos, mas também os variáveis e supérfluos.

“Você pode fazer esse inventário sozinho, usando um aplicativo ou buscar a ajuda de um planejador financeiro. Talvez seja melhor terceirizar o processo e empregar seu tempo e energia no trabalho e na ampliação de seu capital humano, mas essa é uma decisão individual”, diz o planejador financeiro Flávio Pretti, da Planejar.

Sigrid Guimarães, CEO da Alocc Gestão Patrimonial, diz que o exercício de lançar os gastos no papel pode ser feito por qualquer pessoa e é muito saudável, pois invariavelmente leva as famílias a descobrir que gastam muito mais do que imaginavam.

Capacidade de poupança

Ao colocar lado a lado suas receitas e suas despesas, você vai descobrir qual é a sua capacidade de poupança: quanto dinheiro você consegue guardar por mês e por ano, para investir nesse projeto.

Esse é um componente essencial da estratégia, pois os aportes periódicos vão ajudar a construir o montante que vai gerar a renda que se deseja ter. Quando você descobrir quanto dinheiro precisa sobrar todo mês para atingir sua meta, poderá fazer os ajustes necessários na sua capacidade de poupança.

Você já sabe o quanto ganha, o quanto gasta, o quanto consegue poupar dentro do seu estilo de vida atual e quanto já possui em patrimônio e investimentos. Mas quanto você precisa poupar por mês para alcançar a renda que deseja lá na frente?

“Se você tiver algum conhecimento de matemática financeira, é possível estimar, a partir dessas premissas já estabelecidas, o quanto precisará investir todo mês para alcançar o objetivo”, afirma Pretti.

“Há ferramentas na internet que podem ajudar com esses cálculos. Nelas, você pode descobrir uma dessas variáveis, a partir das outras. Por exemplo, dá para saber quanto é preciso investir mensalmente, a uma certa taxa de juros, para lá na frente juntar R$ 2 milhões”, diz Ariane.

Como chegar lá?

Conduzir os esforços de poupança ao longo dos anos para alcançar a independência financeira – e a possibilidade de escolher a hora de parar de trabalhar – é recompensador, mas exige sacrifícios. “Poupar dinheiro é protelar o prazer. Quem poupa, negocia entre o prazer do presente e a segurança do futuro”, define Sigrid.

Ela diz que é preciso ter equilíbrio nessa empreitada. “Quem poupa 3% do salário não vai se aposentar bem, vai levar uma vida apertada. Já quem poupa 90% e vive uma vida sacrificada não terá aproveitado nada da vida. Qual é a graça?”, questiona.

Há pessoas que começaram a vida economizando quase tudo e, depois de 30 ou 40 anos, estão com muito dinheiro guardado e levando a mesma vida espartana. Outros, já aposentados, dependem de recursos de filhos e parentes ou de empréstimo bancário.

Espectro

“Eles se acostumaram a viver assim e assim continuam, apesar dos tropeços. Nos dois casos, há um hábito que não se altera, apesar de estarem em pontos opostos do espectro”, comenta Sigrid.

Ariane recomenda que o investidor pratique o autoconhecimento e não siga dicas alheias, porque cada um tem seus próprios sonhos e dá valor diferente às coisas.

“Guarde o máximo que puder sem se restringir demais, sem cortar a pizza do domingo e o cafezinho, senão você não consegue cumprir e desiste”, aconselha.

“Para montar um planejamento, é preciso ter uma geração de renda: parte do que ganha você tem que guardar, e o que guarda você tem que investir. Se fizer apenas o básico, você já terá sucesso, e a partir daí é só ir aperfeiçoando os investimentos.”


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