Própolis pode reduzir tempo de internação por Covid, diz pesquisa da USP

  • Rosana Ribeiro
  • Publicado em 18 de janeiro de 2021 às 11:00
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Substância colhida das abelhas é conhecida por suas propriedades antivirais, anti-inflamatórias, imunorreguladoras, antiproteinúricas e antioxidantes

Própolis é uma substância produzida pelas abelhas Própolis é uma substância produzida pelas abelhas

Uma pesquisa divulgada no site da Faculdade de Medicina da USP, de Ribeirão Preto, mostra que o uso de própolis pode diminuir pela metade o tempo de internação de pacientes com Covid-19 e também reduzir lesões renais e inflamações.

A substância colhida das abelhas – conhecida por suas propriedades antivirais, anti-inflamatórias, imunorreguladoras, antiproteinúricas e antioxidantes – foi usada em um pequeno ensaio clínico com 124 participantes hospitalizados no Hospital São Rafael, localizado na cidade de Salvador, na Bahia.

O trabalho, liderado pelo pesquisador Marcelo Silveira, diz que não se trata de prevenção da doença, mas de tratamento para quem já está doente.

Como foi feito o trabalho

Todos os pacientes fizeram o tratamento padrão, sendo que 40 pessoas receberam 400 mg/dia de própolis; 42 receberam 800 mg/dia de própolis; e 42 não receberam própolis.

Os grupos que não receberam própolis ficaram 12 dias internados, já nos pacientes que receberam a substância por via oral, o tempo médio de hospitalização foi de seis a sete dias.

Os pesquisadores acreditam que a redução do tempo de internação se deu porque o própolis pode interferir em uma proteína que está envolvida no processo de entrada e disseminação do vírus no corpo, assim como na ancoragem do vírus na proteína que auxilia sua entrada nas células.

Redução nas lesões renais

Além disso, o estudo observou uma menor incidência de lesões renais entre os pacientes que ingeriram 800 mg por dia.

O grupo de controle apresentou 23,8% de lesões, contra 4,% entre os que ingeriram a maior dosagem de própolis.

As lesões renais podem ser um fator de risco para os infectados com o Sars-Cov-2.

“A administração oral da substância foi segura, pois não houve eventos negativos associados ao uso”.

“Além disso, a diminuição do tempo de internação após a intervenção foi significativa. O grupo controle, que não ingeriu própolis, ficou 12 dias hospitalizado após o início do tratamento”.

“Já os grupos que receberam doses mais baixas e mais altas ficaram, respectivamente, 7 e 6 dias internados”, contou o professor David de Jong da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP e um dos autores do estudo.

Redução nas inflamações

“Outro ponto importante de destaque na pesquisa é que as propriedades da própolis podem ajudar a reduzir os processos inflamatórios por inibição da PAK1, que está associada a uma maior necessidade de cuidados intensivos e com altas taxas de mortalidade”, conta David.

Os pesquisadores usam um tipo de própolis padronizado feito pela Apis Flora de Ribeirão Preto, que contém própolis verde, química e biologicamente reprodutível e única no mercado nacional e internacional.

“A própolis EPP-AF(R) possui patente já concedida, segurança e eficácia comprovada, com ausência de interação significativa com medicamentos em estudos clínicos, e assim, não tem qualquer risco”, afirma Andresa Berretta, gerente de P&D da Apis Flora e responsável pela padronização do produto.

Mais estudos

De acordo com os pesquisadores, o próximo passo será a realização de um ensaio clínico duplo cego com placebo, envolvendo um grupo maior de pacientes.

“Também iremos fazer análises de outros parâmetros, incluindo os anticorpos contra o vírus desenvolvidos pelo paciente”.

“Além disso, o conhecimento adquirido através desta pesquisa abre perspectiva do uso do EPP-AF em outras doenças com potencial inflamatório”, revela David, que é professor da FMRP.

Atenção

Os resultados, publicados como preprint (pré-publicação) em janeiro na MedRxiv, ainda não foram revisados por pares e, por isso, não devem ser usados para orientar a prática clínica.

O estudo contou com a autoria de pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMR), Instituto D’Or de Pesquisa e Educação (IDOR), Instituto Gonçalo Moniz (Fiocruz Bahia), Hospital São Rafael e da empresa Apis Flora.

*Com informações USP e site Só Notícia Boa


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