O lado B da flexibilidade: por que equipes fluidas geram solidão no trabalho

  • Cláudia Canelli
  • Publicado em 3 de agosto de 2021 às 21:30
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As pessoas estão esperando por um processo híbrido que respeite o tempo de cada um e ajude a redescobrir formas de interação.

O trabalho em home office provocou o distanciamento entre as pessoas da equipe, o que afeta também a saúde mensal

A solidão tem sido um sentimento recorrente para pelo menos metade da população brasileira, mostrou um levantamento do Instituto Ipsos, realizado em 28 países, no início do ano.

Os dados mostram que a mudança brusca para o trabalho remoto e a necessidade de distanciamento social têm tudo a ver com isso.

Porém, outras pesquisas e análises de especialistas indicam que a solidão no trabalho é uma questão estrutural, anterior à pandemia e que não deve desaparecer magicamente com a volta ao escritório. A reportagem é do portal 6 Minutos.

De onde vem o problema? 

De acordo com levantamento do MIT Sloan, a grande questão é a estrutura das equipes atuais.

Em geral, elas estão mais flexíveis: times fluidos, com profissionais colaborando pontualmente e se dedicando a vários projetos ao mesmo tempo ou grupos formados apenas para um projeto específico e desmembrados logo após a entrega.

Segundo os pesquisadores, esse modelo traz ganhos em agilidade e eficiência, mas pode dificultar a interação entre as pessoas.

Para a pesquisa, realizada em duas etapas, foram entrevistados 500 executivos ao redor do mundo.

Na primeira, entre dezembro de 2019 e janeiro de 2020, os profissionais declaravam atuar em uma média de três equipes e 76% deles já diziam ter dificuldade para estabelecer vínculos com os colegas.

Meses depois, a segunda parte, realizada em meio à pandemia, mostrou uma escalada na situação, com 20% dos entrevistados integrando cinco ou mais equipes.

Como esse modelo produz solidão? 

Os levantamentos realizados pelos pesquisadores do MIT Sloan sistematizaram os seguintes fatores como responsáveis pela solidão no trabalho:

Como enfrentar o problema na volta ao escritório?

“Pensando no aspecto emocional, a volta deveria ser gradativa. A gente não está mais acostumado com tanto envolvimento”, diz a psicóloga Daniele Nazari.

Ela afirma que as pessoas estão esperando por um processo híbrido que respeite o tempo de cada um e ajude a redescobrir formas de interação.

A fintech Liber Capital tem seguido por esse caminho. Hoje, a empresa conta com 70 colaboradores, divididos em times que incluem áreas comerciais, operações e tecnologia.

Alguns deles seguirão em modelo 100% home office, já que o trabalho remoto possibilitou a contratação de talentos ao redor de todo o país.

No entanto, aqueles que residem próximo aos escritórios, localizados nas cidades de São Paulo e São Carlos, já estão podendo escolher se querem retornar aos escritórios e quais os dias em que preferem trabalhar presencialmente.


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