Indústrias calçadistas têm queda de 40% nas vagas de trabalho em 6 anos

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 14 de julho de 2019 às 20:44
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:40
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Segundo SindiFranca, em maio foram registrados 18.037 mil empregados; em 2013, número era de 30.381 mil

Empresários sentem o reflexo da queda na compra de novos calçados pelos consumidores. A baixa afeta diretamente as vagas de trabalho nas indústrias, segundo dados divulgados pelo Sindicato da Indústria de Calçados (SindiFranca) em Franca.

Em maio deste ano foram registrados 18.037 mil empregados no setor. Já em 2013, o sindicato registrava 30.381 mil empregados. Corte superior a 40% no número de postos de trabalho em seis anos.

A indústria do empresário Arnaldo Oliveira ainda vive as consequências dessa queda na demanda e tenta se recuperar no cenário de crise.

Segundo ele, no último mês foi necessário demitir 60 trabalhadores para cortar gastos. A redução é equivalente a 15% do total de empregados do local. “A falta de pedidos é a grande vilã. A nossa carteira de clientes está bem enxuta, os pedidos estão a curto prazo, não está em longo e com a equipe que a gente tem consegue atender. Foram demitidos primeiro pessoas da seção do corte e depois preparação”, explica o empresário.

O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) ainda aponta que a queda foi sentida em todo estado.

Entre janeiro e abril, 34.065 funcionários ocupavam os postos de trabalho, número 12,5% menor que ano passado, quando 38.911 estavam empregados. “A gente precisa trabalhar com uma equipe menor para ter menos despesas com mão de obra. Esse é um dos principais fatores”, diz Antônio sobre a necessidade de redução.

Economia

A compra de calçados está entre os itens que registraram queda no volume de vendas também em março, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na comparação com fevereiro, a baixa foi de 2,5%.

Enquanto isso, a população usa sapatos mais velhos para evitar o gasto. A diarista Creauza Batista Vidal Parra vai para o trabalho com a mesma sapatilha há um ano e não pretende trocar até que seja necessário. “No dia a dia do trabalho eu gosto de colocar as mais usadinhas. Economiza porque é dia a dia pro trabalho, você coloca uma sandália, vem a chuva e estraga. Vou continuar usando até acabar”, afirma.

O mesmo pensamento é compartilhado pelo comerciante Adalto Pereira de Queiroz que há seis meses ganhou um tênis de presente e, desde então, não comprou mais calçados. “Vai mais uns 60 dias, ele está bom ainda. Quando você usa bastante ele fica gostoso no pé, o novo não é bom. Deixa soltar mais dinheiro para nós que a gente compra até dois pares”, conta rindo.

Quem aproveita do período para faturar mais é o engraxate Nilo dos Santos. Diariamente no centro da cidade, ele conta que as pessoas o procuram para melhorar o estado dos sapatos que já possuem. “Eles falam ‘capricha para mim, deixa novo’. Está difícil comprar um novo, está caro”.

Mesmo com as diversas baixas no setor calçadista durante o ano, a expectativa dos empresários é que o cenário melhore no segundo semestre. Com os pedidos retornando às fábricas, o consequentemente o quadro de funcionários precisará ser reajustado, abrindo novos postos de emprego. “Já está clareando a chegada de pedidos, provavelmente no mês de setembro voltamos com a produção normal ou, no mais tardar, outubro a gente tem que estar com o quadro que a gente estava de funcionários. Voltar com a mesma equipe que a gente tinha”, afirma Oliveira.


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