Hipertensão eleva riscos de trombose em infectados pelo coronavírus

  • Rosana Ribeiro
  • Publicado em 28 de junho de 2021 às 17:30
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Aumento do número de pessoas mais novas diagnosticadas com pressão alta se deve principalmente ao sedentarismo e à má alimentação

Segundo dados do Ministério da Saúde, houve aumento de 14% nos diagnósticos de hipertensão entre adultos jovens

 

O administrador Gustavo Loesch descobriu a hipertensão aos 29 anos em exames de rotina.

Acima do peso e com dieta alimentar desequilibrada, precisou adotar um novo estilo de vida, além do uso da medicação indicada pelo cardiologista, para controlar a pressão arterial.

“Perdi peso, cortei gorduras, reduzi o consumo do sal e faço uso de medicamento contínuo há mais de oito anos”, conta.

Segundo dados do Vigitel, do Ministério da Saúde, houve aumento em 14% dos diagnósticos de hipertensão arterial em adultos jovens (entre 20 e 44 anos) nos últimos 10 anos.

Para a cardiologista, Aline Moraes, entre os motivos desse aumento estão o estilo de vida mais sedentário e o maior consumo de sal.

No entanto, também impactou nesse aumento o crescimento do número de jovens que têm realizado a aferição da pressão arterial e a adoção de valores mais baixos para caracterizar normalidade – hoje sendo os famosos “doze por oito” (120 x 80 mmHg).

“Via de regra, a hipertensão arterial é assintomática, e a pressão pode ficar mais elevada em situações de estresse e dor e ser uma resposta normal do organismo. Por isso, as avaliações periódicas são fundamentais, quando não se tem sintomas”, ressalta a médica.

Jovens hipertensos e a Covid-19

A Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz divulgou um relatório que mostra que o crescimento das taxas de hospitalizações por Covid-19, no mês de março, em pessoas com faixas etárias de 30 a 59 anos superou o aumento global da doença.

Considerando todas as idades, o crescimento de casos chegou a 700%, se comparado a janeiro, enquanto em jovens essa escalada passou de assustadores 1.000%.

Essa é mais uma preocupação das autoridades de saúde, já que a hipertensão é um dos agravantes para os infectados pelo coronavírus.

Ao longo da pandemia, profissionais de saúde e pesquisadores têm tentado compreender os motivos dessa piora dos pacientes hipertensos.

Estudos indicam que a Covid-19 é uma doença que modifica respostas metabólicas, inflamatórias e de coagulação, gerando o comprometimento de vários órgãos, incluindo o coração.

Pessoas que já tenham alterações crônicas do coração ficam, então, mais suscetíveis a ter evolução mais grave da doença.

Especialista em hipertensão, a cardiologista Aline Moraes reforça que o aumento da pressão arterial pode fazer alterações como a hipertrofia do músculo cardíaco, o que pode aumentar o risco de trombose.

“Em alguns pacientes hipertensos, notamos que há uma espécie de engrossamento que o coração faz para dar conta da pressão mais alta e que dificulta o relaxamento do coração”.

“Quando essa hipertrofia é considerável, ela pode gerar também aumento dos átrios. Essas alterações podem fazer o paciente reter mais líquido nos pulmões, provocar arritmias e aumentar o risco de trombose – todos problemas muito associados à pior evolução da Covid-19”, reforça.

“Quem já sofre com pressão alta precisa manter os níveis bem controlados com medicação e um estilo de vida saudável, além de tomar todos os cuidados já conhecidos como uso de máscara, higienização das mãos e distanciamento social para evitar a contaminação do coronavírus”, conclui.

*Informações Notícias ao Minuto


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