Com subnotificação, Brasil pode ter mais de 1,2 milhão de casos Covid-19

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 1 de maio de 2020 às 16:56
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:40
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O portal Covid-19 Brasil reúne cientistas e estudantes de várias universidades brasileiras

No enfrentamento da epidemia do coronavírus, as autoridades de saúde pública têm testado para a Covid-19 apenas os casos mais graves e os óbitos da infecção respiratória, por conta da quantidade limitada de exames. 

Embora seja a maneria encontrada para lidar com a doença, essa prática gera um elevado número de subnotificações, já estimados em mais de um milhão de doentes.

Segundo pesquisa realizada pelo portal Covid-19 Brasil, o número total de casos da Covid-19 no país já estaria em 1.201.686 — em uma estimativa que pode flutuar entre 957.085 e 1.494.692 — até o dia 28 de abril.

O portal Covid-19 Brasil reúne cientistas e estudantes de várias universidades brasileiras,

Por usa vez, o número seria 16 vezes maior que o divulgado oficialmente na data, que seria de 73.553 doentes.

Isso porque o Ministério da Saúde contabiliza, principalmente, os doentes graves e mortos. 

Em termos comparativos, o número estimado supera os casos oficias nos Estados Unidos, o país mais atingido até agora pela pandemia e considerado o epicentro da doença.

“Falamos de ter ultrapassado em mortos a China, mas estamos em casos totais próximos dos EUA [que, aliás, também precisam de mais testes], mesmo tendo cerca de dois terços da população americana e tendo começado a sofrer com a epidemia um mês depois”. 

“Na verdade, se considerados os casos subnotificados de óbitos, também ultrapassamos a China há cerca de duas semanas”, defende Domingos Alves.

Ele é especialista em modelagem computacional e pesquisador do Laboratório de Inteligência em Saúde (LIS) da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (USP).

Como funciona?

Para estimar o número de pessoas infectadas pelo coronavírus no país, os cientistas do portal Covid-19 Brasil realizam uma modelagem reversa, assim superam o problema da ausência de dados.

Como não há uma testagem em massa da população, os professores empregam, como base de cálculo, o número de óbitos notificados.

Mesmo que as mortes também estejam subnotificadas, compõem o indicador mais consolidado para a equipe trabalhar suas estimativas. 

Além disso, os cientistas aplicam a mesma taxa de letalidade da Coreia do Sul e a ajustam para a pirâmide etária do Brasil. 

O país asiático é tido como base, porque possui dados consolidados sobre testagem, em massa, desde os primeiros casos da Covid-19 no país.


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