O Brasil e os perfumes

  • Aromas em Palavras
  • Publicado em 23 de agosto de 2017 às 22:26
  • Modificado em 8 de abril de 2021 às 14:11
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Há pouco tempo atrás estava conversando com um amante dos perfumes, já usou variadas marcas e estilos e já elegeu seus preferidos. Como a grande maioria dos brasileiros sua principal preocupação é com o long lasting, ou a durabilidade do perfume na pele. E com o trail, o rastro. Hoje já existem equipamentos que medem o rastro e painéis olfativos que analisam a durabilidade das fragrâncias. Estes são os dois fatores fundamentais para qualquer perfume de sucesso aqui no Brasil. Isso acaba prejudicando as fragrância cítricas, pois elas evaporam mais rapidamente, são mais voláteis e duram menos. É possível ter trail com diferentes notas, mas o lasting só se consegue com notas mais pesadas, que demoram mais para evaporar (vanillas, gourmands, orientais, âmbares, quentes e envolventes).

Outra coisa que poucas pessoas sabem, que também foi assunto nessa conversa, é que o Brasil já possui uma grande casa de fragrâncias, a alemã Drom Fragrances que está situada em Jundiai-SP, produzindo fragrâncias para o mercado nacional e internacional. São responsáveis pelos cheiros de produtos de marcas reconhecidas como: Guerlain, Guess, Jequiti, O Boticário, L’Occitane au Brésil, entre tantas outras. Para quem não sabe, as casas de fragrâncias são empresas que possuem perfumistas que criam fragrâncias e aromas para marcas. Qual a diferença? Aroma é o que pode ser colocado na boca (pasta de dente, comidas, refrigerantes, etc) e as fragrâncias são cheiros e sensações que estão presentes na perfumaria fina, cosméticos e produtos de cuidados com o lar. E o que é mais importante, existem realmente pouquíssimos perfumistas no mundo, eles são chamados de ‘Os narizes’, não acredite facilmente em alquimistas que se dizem perfumista. Essa é profissão séria, com anos de estudo e aprendizado. E escolas especializadas somente na Europa.

Uma grande curiosidade, é que o brasileiro não se liga muito na rotulação. Em geral, a população não sabe qual a diferença entre um eau de toilette, um eau de cologne e um eau de parfum, por exemplo (a diferença está nas concentrações de essência na formulação). Então muitas vezes ele compra um eau de cologne, que é um perfume mais leve, só porque é de uma grife internacional. Ele vê uma oportunidade de comprar a marca e não a formulação em si. A maioria das pessoas não compra um Chanel n°5 porque o ama, mas sim porque é um perfume icônico, que vai muito além do olfativo.

O universo do perfume ainda é bem pouco conhecido nas terras brasileiras, mas está crescendo cada vez mais e sendo mais acessível e admirado. Lembrando que somente 7% dos perfumes vendidos no Brasil são importados, o brasileiro sabe sim prestigiar o produto nacional, que apesar de muitos não saberem é feito pelos mesmos perfumistas que grandes fragrâncias importadas. Não critique, experimente que você pode se surpreender!

*Esta coluna é semanal e atualizada às quintas-feiras.​


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