Mudando trajetórias

  • Aromas em Palavras
  • Publicado em 6 de setembro de 2017 às 23:22
  • Modificado em 8 de abril de 2021 às 14:11
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As pessoas mudam o cabelo, a maquiagem, a cor do olho, a roupa, fazem plásticas, dietas malucas, enfim, mudam tudo que é possível para seu bem estar. Talvez isso fique excessivo, ou muitas das vezes, mas é interessante pensar que existem coisas que você não pode mudar: seus sentidos. A forma como você sente ou sabores, escuta sons, e sente cheiros não pode ser mudada. E são dessas pequenas coisas que a nossa alma se ‘alimenta’, das sensações provocadas pelos nossos sentidos e aquilo que os afetam.

Infelizmente algumas doenças são capazes de afetá-los, como mostra um estudo feito pela Universidade da Pensilvânia. A pesquisa se baseou na hipótese de que, anos antes dos sintomas da demência aparecerem, há uma queda brusca na capacidade de identificar cheiros. Essa percepção veio da própria experiência dos médicos que acompanham pacientes com Alzheimer: com frequência, eles reclamam que a comida está perdendo o sabor. Com a capacidade de cheirar prejudicada, o gosto também fica muito menos intenso pelo mesmo motivo.

Assim, o nariz seria uma possível chave para melhorar o diagnóstico precoce das pessoas com alto risco de Alzheimer. Os medicamentos que estão sendo testados para a doença também parecem funcionar melhor nos pacientes m estágio inicial – então descobrir o Alzheimer mais cedo pode ser essencial para prevenir a progressão do declínio cognitivo.

No teste, os voluntários passaram pelos testes cognitivos tradicionais que ajudam a diagnosticar a doença. Depois, os pesquisadores aplicaram um teste de cheiro, no qual é preciso identificar 16 aromas diferentes. Os pacientes com Alzheimer tiveram o pior desempenho, seguido pelos idosos com comprometimento leve da função cognitiva. Mais que isso, porém, os pesquisadores conseguiram mostrar que o teste de cheiro turbinava o número de diagnósticos corretos do Mal de Alzheimer.

Só olhando para os testes cognitivos, os pesquisadores conseguiram diagnosticar 75% dos pacientes com Alzheimer. Quando combinavam esses resultados à prova de olfato, o índice de acerto subiu para 87%. Se esse sucesso todo for transferido para o consultório médico, muitos idosos ganham a chance de começar a reagir contra a doença antes mesmo de começar a ter problemas no dia a dia.

*Esta coluna é semanal e atualizada às quintas-feiras.​


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