Junto com outros países, que representam 32% da população com menos de um ano de idade nas Américas, o Brasil tem uma baixa cobertura de vacinação e sistema de vigilância fraco, o que representa uma ameaça de emergência do vírus e a subsequente circulação dele”, alerta a Opas, segundo uma notícia do G1 Saúde.
Mas como o Brasil, que teve um dos programas de imunização contra a pólio mais bem-sucedidos da região, foi parar nessa lista? E o que está sendo feito para reverter esse panorama?
De acordo com especialistas ouvidos pela BBC News Brasil, a pandemia de Covid-19, a falta de campanhas de comunicação, uma desconfiança generalizada nas autoridades e a sensação de que essa doença não preocupa mais são alguns dos fatores que ajudam a explicar a atual situação.
Uma doença séria e incapacitante
A infectologista Raquel Stucchi, professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), entende que a vacinação contra a pólio é vítima de seu próprio sucesso.
“As vacinas são tão boas que essa doença desapareceu do país. Atualmente, meus alunos só veem casos de pólio nos livros”, conta.
O último paciente com poliomielite no Brasil foi identificado em 1989. Em 1994, o país recebeu da Opas o certificado de eliminação da transmissão do vírus causador dessa enfermidade.
A médica, que também integra a Sociedade Brasileira de Infectologia, explica que esse vírus é transmitido de pessoa para pessoa ou através da contaminação das redes de esgoto e água.
Perigo para crianças
“O agente infeccioso, conhecido como poliovírus, fica no intestino e é eliminado pelas fezes. A partir daí, pode contaminar outras pessoas”, ensina.
Na maioria das vezes, a infecção não tem grandes repercussões na saúde. Mas há uma parcela de acometidos, especialmente crianças com menos de cinco anos, que desenvolvem formas bem graves.
Nesses casos, o vírus afeta o sistema nervoso e pode causar uma espécie de fraqueza muscular — daí vem o termo “paralisia infantil”, um dos nomes populares da moléstia.
O último caso de poliomielite no país foi observado na cidade de Sousa, na Paraíba, em 1989. A doença é considerada oficialmente eliminada do território nacional há 27 anos, desde 1994.