Brasil entra na lista de “alto risco” de volta da poliomielite, alerta organização

  • Bernardo Teixeira
  • Publicado em 15 de dezembro de 2021 às 14:30
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Cerca de um milhão de crianças brasileiras não foram vacinadas contra essa doença em 2020, o que preocupa profissionais da saúde

O Brasil é um dos países das Américas com alto risco de volta da poliomielite, segundo informes divulgados pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) ao longo do segundo semestre de 2021.

De acordo com a entidade, a baixa taxa de vacinação nesses locais representa um perigo para todo o continente, que não registra um único caso da doença há exatos 30 anos.

Junto com outros países, que representam 32% da população com menos de um ano de idade nas Américas, o Brasil tem uma baixa cobertura de vacinação e sistema de vigilância fraco, o que representa uma ameaça de emergência do vírus e a subsequente circulação dele”, alerta a Opas, segundo uma notícia do G1 Saúde.

Mas como o Brasil, que teve um dos programas de imunização contra a pólio mais bem-sucedidos da região, foi parar nessa lista? E o que está sendo feito para reverter esse panorama?

De acordo com especialistas ouvidos pela BBC News Brasil, a pandemia de Covid-19, a falta de campanhas de comunicação, uma desconfiança generalizada nas autoridades e a sensação de que essa doença não preocupa mais são alguns dos fatores que ajudam a explicar a atual situação.

Uma doença séria e incapacitante

A infectologista Raquel Stucchi, professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), entende que a vacinação contra a pólio é vítima de seu próprio sucesso.

“As vacinas são tão boas que essa doença desapareceu do país. Atualmente, meus alunos só veem casos de pólio nos livros”, conta.

O último paciente com poliomielite no Brasil foi identificado em 1989. Em 1994, o país recebeu da Opas o certificado de eliminação da transmissão do vírus causador dessa enfermidade.

A médica, que também integra a Sociedade Brasileira de Infectologia, explica que esse vírus é transmitido de pessoa para pessoa ou através da contaminação das redes de esgoto e água.

Perigo para crianças

“O agente infeccioso, conhecido como poliovírus, fica no intestino e é eliminado pelas fezes. A partir daí, pode contaminar outras pessoas”, ensina.

Na maioria das vezes, a infecção não tem grandes repercussões na saúde. Mas há uma parcela de acometidos, especialmente crianças com menos de cinco anos, que desenvolvem formas bem graves.

Nesses casos, o vírus afeta o sistema nervoso e pode causar uma espécie de fraqueza muscular — daí vem o termo “paralisia infantil”, um dos nomes populares da moléstia.

O último caso de poliomielite no país foi observado na cidade de Sousa, na Paraíba, em 1989. A doença é considerada oficialmente eliminada do território nacional há 27 anos, desde 1994.


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