Boa notícia: Vacina conta a dengue pode chegar ao SUS em 2024

  • Rosana Ribeiro
  • Publicado em 20 de novembro de 2023 às 11:30
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Pasta evita dar uma previsão de quando a população poderá ser vacinada, mas expectativa é incluir o imunizante na rede pública no primeiro semestre do ano que vem

Ministério da Saúde  negocia com farmacêutica para oferecer vacina na rede pública – foto Diário da Região

 

Oito meses após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizar uma nova vacina contra dengue no Brasil, o Ministério da Saúde ainda negocia com a farmacêutica japonesa Takeda a incorporação do imunizante Qdenga na rede pública.

Há, no entanto, entraves para o acordo ser fechado, como preço considerado elevado pelo governo, incertezas sobre a capacidade de produção e restrições no público-alvo que poderá receber as doses.

Embora a expectativa seja de incluir o produto no Sistema Único de Saúde (SUS) no primeiro semestre do ano que vem, a pasta tem evitado dar uma previsão de quando a população poderá ser vacinada.

Os apontamentos apresentados na negociação são da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), responsável por julgar a inclusão de medicamentos no SUS.

Uma proposta foi apresentada pela farmacêutica no dia 31 de julho e o órgão tem 180 dias para dar um parecer. O ministério afirma ser preciso aguardar essa avaliação antes de decidir pela oferta do imunizante à população.

Um dos entraves é o preço por dose, considerado alto pelo Ministério da Saúde. O valor proposto pela Takeda inicialmente foi de R$ 170, inferior ao aprovado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), de R$ 281,42 — que serve como base para a negociação.

Ainda assim, a Saúde pede um desconto, tendo em vista que o preço oferecido está acima de todas as demais vacinas do Programa Nacional de Imunizações (PNI). A dose mais cara hoje custa R$ 120.

O laboratório afirma que o preço ainda deverá ser revisado, mesmo sendo “um dos menores aprovados em comparação com outras vacinas inovadoras”. O valor passará ainda por negociação.

Além do custo por dose, há preocupação no governo sobre a capacidade de entrega das vacinas para toda a população que pode ser protegida pela Qdenga: pessoas de 4 a 60 anos, independentemente de já terem sido infectadas pela dengue ou não.

Segundo integrantes do ministério, o receio se dá porque a Takeda não é uma produtora grande como a Pfizer ou o Instituto Butantan.

Vacina já está na rede particular

A Qdenga, também chamada de TAK-003, recebeu o aval da Anvisa em março para uso no Brasil em pessoas de 4 a 60 anos. A vacina começou a ser comercializada nas clínicas particulares no início de julho.

Nas clínicas, as doses podem ser encontradas por valores que variam entre R$ 400 e R$ 500. Como o esquema envolve duas aplicações, com um intervalo de três meses entre elas, o preço final fica entre R$ 800 e R$ 1 mil.

A vacina não é a primeira contra a dengue recomendada pela OMS ou a receber um aval da Anvisa. Em 2015, o Brasil aprovou a Dengvaxia, desenvolvida pela Sanofi, que se tornou o primeiro imunizante para a doença com o sinal verde no país.

Contudo, o público-alvo restrito levou a Dengvaxia a não ter uma alta adesão — ela é indicada apenas aos que já foram contaminados anteriormente para evitar um quadro de reinfecção mais grave.

Em pessoas que nunca tiveram dengue, a dose não se mostrou significativamente eficaz em impedir a infecção.

Também não apresentou o perfil ideal de segurança, levando à possibilidade de um risco aumentado de casos graves no período após a vacinação.

Dengue no Brasil

Neste ano, o país já é o primeiro do mundo no ranking de casos de dengue, e já ultrapassou o total do ano passado.

Segundo as últimas atualizações epidemiológicas do Ministério da Saúde, são mais de 1,6 milhão de casos, 23,4 mil casos graves e 1.000 óbitos.

Em 2022, ano que bateu recorde de mortes, foram 1,4 milhão de casos, 16,3 mil casos graves e 1.016 óbitos pela doença.

*Informações O Globo


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