Black Friday: promoções e preços baixos estão ameaçados pela crise dos contêineres

  • Robson Leite
  • Publicado em 10 de outubro de 2021 às 18:30
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Sondagem de agosto mostra aumento nas queixas de dificuldades em reservar contêineres e de atrasos nos agendamentos de fretes.

Os preços da Black Friday estão ameaçados por crise dos contêineres, que está dificultando a logística dos produtos importados.

O consumidor na expectativa de realizar um sonho de consumo durante a Black Friday deste ano deve se preparar para encontrar preços mais altos.

A maioria dos produtos mais procurados na data de promoções já acumula aumentos acima de 10% apenas em 2021.

A elevação de preços ainda é reflexo das dificuldades com a importação de insumos, peças e produtos prontos.

As dificuldades são transatlânticas – e tudo ficou mais caro. Nos fretes, os aumentos passam de 400%. A indústria está pagando atualmente US$ 10 mil (cerca de R$ 55 mil) pelo transporte de insumos em contêineres .

15 vezes mais

Há quem relate ter precisado desembolsar US$ 30 mil (cerca de R$ 165 mil), quando antes da pandemia esse valor era no máximo US$ 2.000 (cerca de R$ 11 mil).

Há ainda uma falta sem precedentes de contêineres, aumentando o tempo de percurso das linhas (o chamado transit time) e elevando as filas de espera.

As peças e partes produzidas fora do Brasil, principalmente em países no leste asiático, também estão custando mais em dólar, num período em que o real acumula desvalorização.

Desde janeiro, o dólar já subiu 6,3% –na última sexta (08), a moeda americana chegou a R$ 5,5160.

Dolarizado

“Nossa elevação de custo não é algo razoável. Boa parte dos nossos insumos é dolarizado e, para piorar, temos essa crise global de fretes e contêineres”, diz Jorge do Nascimento, presidente da Eletros, associação que representa fabricantes de eletrodomésticos, eletrônicos e portáteis, em declaração ao Jornal de Brasília.

Um dos hits das edições anteriores da Black Friday, os televisores de tela fina já acumulam alta de preços de 28% até agosto deste ano, segundo monitoramento da consultoria de consumo GfK. Entre os notebooks, o aumento de preços é de 30%, e de 11%, entre as lavadoras de roupas.

O perfil de compra na Black Friday já leva os preços médios negociados na data para cima. É uma compra planejada, de realização de um desejo. Seja um celular melhor ou uma geladeira frost free.

Logística

Neste ano, além do preço maior da compra do tipo “premium”, questões econômicas e de logística devem fazer com que o varejo fature mais, ainda que venda menos.

Jorge do Nascimento, da Eletros, diz que os patamares de preços serão mantidos “graças a esforços gigantes”.

Para o Natal, porém, ele calcula novas altas, entre 5% a 7%. “Conseguimos uma absorção de cerca de 85% dos reajustes. Mais do que isso, não dá.”


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