Para especialistas, pais devem acompanhar uso da internet por crianças

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 8 de agosto de 2018 às 15:53
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:55
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O mau uso das tecnologias ou o abuso de celulares e jogos eletrônicos pode levar a diversos problemas

Os pais precisam se
aproximar dos filhos para evitar o uso problemático de computadores, jogos
eletrônicos e celulares, defendem as especialistas que participaram na
última terça-feira, 07 de agosto, do Workshop Impactos da Exposição de Crianças
e Adolescentes na Internet.

O evento foi
promovido pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) e pelo Núcleo de
Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br). “A gente não escuta os
nossos filhos, não dá importância para as necessidades deles”, enfatizou a
gerente da assessoria jurídica do Nic.br, Kelli Angelini. Ela citou dados
levantados pela entidade que mostram que grande parte dos adolescentes de 11 a
17 anos estão expostos a conteúdos impróprios na rede. “Será que os pais estão
atentos a isso? Será que os pais sabem que 27% das meninas que responderam à
pesquisa já tiveram acesso a conteúdos que estão relacionados a formas de ficar
mais magro?”, exemplificou.

Usos problemáticos

O mau uso das tecnologias ou o abuso de celulares e jogos
eletrônicos pode levar ao desenvolvimento de diversos problemas, de acordo com
a pediatra e professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro,
Evelyn Eisenstein. “Nós já estamos vendo o primeiro sintoma: transtornos de
sono. Crianças que dormem menos. Crianças para dormir bem, em uma fase de
crescimento, têm que dormir entre oito e nove horas. Nós temos
crianças dormindo 6 horas”, destacou.

No caso dos adolescentes, a psicóloga Evelise Galvão de Carvalho
disse que muitas vezes os jogos eletrônicos são uma forma de fugir das
frustrações cotidianas. Garotos com dificuldade de se socializar, por exemplo,
conseguem ter vidas mais atrativas no mundo virtual, de acordo com a
especialista. “Quando ele chega em casa, depois da escola, ele entra no jogo e
muda tudo. E dentro do jogo ele passa a ser um avatar. Dentro do jogo ele não
tem idade, não envelhece, tem uma namorada há mais de um ano. Ele passa tempo
com essa pessoa, fazem coisas juntos dentro do jogo”, enumerou sobre as
realizações possíveis dentro do ambiente virtual. “Embora não seja verdadeiro o
que ele está vivendo, as sensações e as reações são verdadeiras, são
gratificantes”, acrescenta Evelise.

Jovens nesse tipo de
situação estão, segundo a psicóloga, mais predispostos a estabelecer uma
relação problemática com os jogos. Isso acontece quando o jovem passa a dedicar
mais energia à virtualidade do que ao mundo real, deixando até obrigações
de lado para jogar. 

A especialista
ressalta que é preciso refletir por que a vida cotidiana é tão frustrante e
desanimadora para parte dos adolescentes. “Que tipo de mundo nós estamos
oferecendo para as nossas crianças e adolescentes que eles estão preferindo
viver em um mundo que não é real do que viver aqui com a gente?”, questiona
Evelise.

Proibição

No entanto, a psicóloga se diz contrária a proibir o uso das tecnologias
pelos jovens como forma de tentar contornar os problemas. “O movimento de luta
contra as tecnologias é uma guerra sem fim, que a gente nunca vai ganhar. Nós
vivemos em um mundo tecnológico, não tem mais volta. A tendência é ao
contrário, cada vez mais a gente vai estar inserido e vivendo com essa
tecnologia”, enfatizou. “Proibir eu não estou ensinando nada”, acrescentou ao
comentar a interdição do uso de celular em algumas escolas. “A gente vem em
contramão de outros países que inserem os celulares nas escolas”, ressaltou. “Não
acho que seja proibir, castigar, mas ensinar sobre o uso. Dialogar. Colocar
regras, limites, saber explicar para o seu filho e sua filha o uso correto”,
concordou a professora Evelyn Eisenstein.


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