Copom pode reduzir juros básicos pela 11ª vez seguida nesta semana

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 4 de fevereiro de 2018 às 22:15
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:33
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Mercado financeiro mostra expectativa pela nova redução dos juros e aguarda resultados da reunião do Copom

Pouco mais de um mês depois de reduzir os juros básicos para o
menor nível  da
história, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) faz a
primeira reunião de 2018 ainda esta semana para definir os rumos da Taxa Selic.
A expectativa
de instituições financeiras é que os juros caiam de 7% para 6,75% ao ano.

Se a
expectativa se confirmar, será o 11º corte seguido na taxa básica. Em dezembro,
o Copom reduziu, por unanimidade, a Selic em 0,5 ponto percentual, de 7,5% para
7% ao ano, o menor nível da história.

Anteriormente,
o recorde inferior da taxa Selic havia sido registrado de outubro de 2012 a
abril de 2013, quando a taxa ficou em 7,25% ao ano. Em seguida, a taxa foi
reajustada gradualmente até alcançar 14,25% ao ano em julho de 2015, patamar
mantido nos meses seguintes. Somente em outubro de 2016, o Copom voltou a
reduzir os juros básicos da economia.

Inflação

Apesar da
expectativa do mercado financeiro de nova redução dos juros, o ex-diretor do
Banco Central (BC) Carlos Eduardo Freitas diz que o ideal seria a autoridade
monetária manter os juros básicos em 7% ao ano e esperar a próxima reunião, no
fim de março, para decidir se baixará os juros. Segundo ele, a taxa real –
diferença entre a Selic e a inflação – está baixa, e uma nova redução traria o
risco de a inflação ter uma leve alta.

A expectativa do mercado financeiro é que a inflação, medida pelo
Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), termine este ano em
3,95%, abaixo do centro da meta de, 4,5%. Para o ex-diretor do Banco Central,
também não existem motivos para o Banco Central aumentar os juros, mesmo com as
seguidas altas nos preços dos combustíveis. “Os combustíveis têm peso fraco no
IPCA. O índice de inflação é uma média e é importante lembrar que os demais
preços estão sob controle. Não vai existir uma supersafra este ano, mas isso
não significa que os preços dos alimentos vão subir”, acrescenta.

Apesar de recentes oscilações do dólar, Freitas diz que não existe
uma pressão do câmbio sobre os preços no momento. Ele ressalta que o quadro
pode mudar dependendo da economia internacional e das tensões eleitorais no
Brasil, mas hoje considera remota a possibilidade de alta na Selic nos próximos
meses. “Nem existe uma pressão cambial. O dólar está comportado. Na verdade, os
fatores externos estão neutros este ano, o que não justificaria um aumento de
juros neste e nos próximos meses”, acrescenta.

Referência

A taxa básica
de juros é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de
Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de
juros da economia.

Ao
reajustá-la para cima, o Banco Central segura o excesso de demanda que
pressiona os preços, porque juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a
poupança. Ao reduzir os juros básicos, a tendência do Copom é baratear o
crédito e incentivar a produção e o consumo, mas enfraquece o controle da
inflação.


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