​Sexta-feira tenebrosa: Pacaembugate pode levar políticos à cadeia

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 10 de novembro de 2017 às 19:13
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:26
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

História política de Franca é virada do avesso com denúncias sobre improbidade na Prefeitura Municipal

O interesse imediato do GAECO – Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado – do Ministério Público de Franca demonstra o quão grave e profundas são as denúncias formuladas em depoimento oficial à Câmara de Vereadores pela engenheira da Secretaria de Planejamento da Prefeitura de Franca, Aline Salomão Silva Maia, quanto à uma suposta participação do prefeito Gilson de Souza (DEM) e assessores mais próximos, num esquema para atropelar a legislação federal e municipal e beneficiar a Construtora Pacaembu, de Ribeirão Preto, e que recentemente lançou um loteamento em Franca. 

O GAECO deu início a uma investigação baseado no depoimento da engenheira à CEI da Câmara de Vereadores de Franca que investiga suposto crime de responsabilidade e improbidade administrativa provocada pelo Prefeito Gilson de Souza.

O depoimento surpreendente da engenheira registra nomes, tem endereço certo (o Gabinete e o próprio prefeito Gilson) e se reforça com a afirmação de que há áudios gravados com conversas que confirmam a suposta intenção criminosa. 

O fato de as suspeitas e denúncias terem ultrapassado as simples declarações verbais, chegando à existência de supostas provas concretas, é motivação mais que suficientes para que os promotores do GAECO se envolvam na investigação, antes mesmo que a Câmara de Vereadores conclua seus trabalhos. 

E isso é tem um significado positivo, além de tirar dos vereadores o desfecho dessa história. Ao longo do processo de aprovação da decisão da Comissão Processante, caso ela siga avante, poderia haver a possibilidade de tudo acabar em pizza, pois o desfecho depende da votação em Plenário. 

E as recentes rejeições de eventuais denúncias contra o Presidente Michel Temer pela Câmara dos Deputados mostram bem o que pode acontecer para se obter votos com negociatas nem sempre louváveis entre denunciado e seus julgadores. 

Leia aqui o que o Jornal da Franca publicou sobre o escândalo nesta sexta-feira: 

Engenheira faz graves denúncias contra o governo de Gilson de Souza

http://www.jornaldafranca.com.br/engenheira-faz-gr…

Governo comprometido com Construtora: população espera apuração rigorosa 

http://www.jornaldafranca.com.br/governo-compromet…

GAECO investiga ligação de prefeito e vereador com construtora Pacaembu

http://www.jornaldafranca.com.br/gaeco-investiga-l…

Na história recente, embora não tenham surgido denúncias de supostos benefícios, há um exemplo: a rejeição do relatório da Comissão Processante na CEI da Saúde, que investigou falsos médicos no serviço público da Prefeitura. 

As denúncias que surgiram de forma tímidas, baseando-se no fato de o Prefeito Gilson de Souza ter editado um decreto de aprovação do loteamento da Construtora Pacaembu às pressas e atropelando a lei, poderiam ter um fim apequenado por interesses difusos. 

Entretanto, ganhou profunda repercussão e surpresa o depoimento conciso e recheado de detalhes, nesta sexta-feira de manhã, da engenheira concursada da Secretaria de Planejamento da Prefeitura, Aline Salomão Silva Maia. 

Para os menos avisados, a situação é mais grave do que parece: envolvido em quase uma dezena de investigações do crime organizado na região, o GAECO não teria iniciado nenhum procedimento antes que seus promotores concluíssem que algo muito estranho ocorreu no processo de aprovação do loteamento da Construtora Pacaembu. 

As investigações do GAECO não são mero jogo de cena, não são fantasias de representantes da lei que muitas vezes não aprofundam as investigações. 

Elas partem do princípio de que há algo a ser apurado e crimes a serem punidos. 

Quando  o GAECO age, não são incomuns as conduções coercitivas (quando a pessoa é levada à força para depor) ou prisões temporárias (com tempo determinado) e até preventivas (que duram até o fim do processo e julgamento). 

Pode demorar, mas o resultado é sempre o que se espera: a punição dos que agem à margem da lei, usurpando o dinheiro público e substituindo o interesse público pelos individuais ou de uma casta que se arvora como “acima da lei”.


+ Política