É de dar arrepios

  • Língua Portuguesa
  • Publicado em 16 de agosto de 2017 às 09:35
  • Modificado em 8 de abril de 2021 às 14:20
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Nosso subdesenvolvimento começa aqui.

Entre 30 países, o Brasil ocupa a honrosa 27ª posição.

Segundo uma pesquisa encomendada, publicada pelo DW Made for minds (Deutsche Welle), um grupo de seis editoras alemãs,Panini, Gruner + Jahr, EgmontEhapa Media, Spiegel e Zeit, 2 mil crianças alemãs preferem livros ao Youtube. Mais da metade, entre 6 e 13 anos, leem livros, revistas infantis e quadrinhos todas as semanas.

O Brasil ocupa a honrosa 27ª posição entre os 30 países onde menos se lê no mundo. Venezuelanos e Argentinos são os mais bem classificados na América do Sul. O mapa acima traz o ranking mais atualizado.

A falta de leitura constante traz consequências nefastas: falta vocabulário para que o aluno explicite suas ideias (eu sei o que é, mas não sei explicar) com clareza; há dificuldades extremas de encadear frases minimamente coerentes; não há criticidade para redigir um texto com uma argumentação fundamentada, por exemplo.

Vira um pesadelo para qualquer vestibulando ter que escrever 30 linhas, na norma culta padrão da língua portuguesa, em uma prova de redação de um vestibular qualquer ou responder a questões abertas. Outros pesadelos virão a partir daí, como se manter na universidade (não há prova de testes ou é preciso apresentar relatórios, estruturar o trabalho de conclusão de curso) e, mais tarde, enfrentar as provas da OAB ou do CRM, por exemplo.

Comecei a rir quando observei, no Facebook, pessoas usando as seguintes expressões: AVISO DE TEXTO LONGO ou AVISO DE TEXTÃO. Um deles tinha quatro parágrafos. Pedir a uma boa parte dos alunos para ler um livro é um ato de lesa-emoção: “Aiiii….professor!!! Tem que ler mesmo?”. Ou lesa-inteligência: “Quantas páginas ele tem?”. Ou lesa-preguiça: “Tem resumo ou filme sobre ele?”.

Há uma enxurrada de processos contra plagiadores de textos científicos, teses de mestrado, doutorado, músicas, obras literárias etc. Só não há contra plagiadores de redações publicadas pelos sites especializados em vestibular ou escritas por um terceiro, como se “entregasse uma receita de bolo”.

Vestibular é competição, mas decorar dez frases de um pensador para enfiar em um texto, para mostrar que possui repertório cultural é um despautério. Repertório cultural não é isso. Isso é decoreba. “Depois que eu entrar na faculdade, eu leio”. Mentira: Isso funciona como aquela academia da esquina que fechou. Aí você diz em alto e bom som: “Agora que eu ia me matricular!”. 


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