Pesquisadores brasileiros desenvolvem spray nasal para usar contra a Covid-19

  • Nene Sanches
  • Publicado em 4 de setembro de 2021 às 08:00
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Com a expectativa do imunizante ter resposta adaptável às novas variantes de Covid, testes clínicos podem começar no início de 2022

Um aspecto incomum do fármaco, em comparação aos outros usados no Brasil, é sua plataforma de desenvolvimento.

Uma vacina em spray contra a Covid-19 está em desenvolvimento por pesquisadores brasileiros.

Trata-se de um projeto em conjunto da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto do Coração (Incor). Há também a participação de pesquisadores do Instituto Butantan.

O fármaco está em fase inicial de testes, em camundongos, mas já apresentou indicadores positivos.

“Temos resultados preliminares que mostram que a vacina consegue induzir resposta de anticorpos neutralizantes e também de células T”, diz Daniela Santoro Rosa, professora de imunologia e chefe do laboratório de vacinas experimentais da Unifesp, em declaração ao jornal O Globo.

Anticorpos

Por ser um spray nasal, a ideia é que a vacina já produza anticorpos por uma das vias de entrada do vírus: as mucosas do nariz.

Outro aspecto incomum do fármaco, em comparação aos outros usados no Brasil, é sua plataforma de desenvolvimento.

A tecnologia usada consiste em utilizar pedaços da proteína S, de Spike, de diferentes cepas, as variantes, do coronavírus. Desse modo, a vacina teria potência contra diversas mutações.

Mirar na proteína S é uma estratégia utilizada por diversas plataformas vacinais contra Covid-19. Essa parte do vírus é responsável pela entrada do agente infeccioso na célula humana. Daí o interesse em barrá-la.

Reforço para já vacinados

“A ideia é usar essa vacina como um reforço para as pessoas que já estão vacinadas. A gente espera que seja mesmo um spray nasal que faça esse reforço”, diz a pesquisadora.

De acordo com Daniela Santoro, a plataforma da vacina é semelhante à usada para combater a Hepatite B.

A ideia dos pesquisadores da Unifesp, antes da Covid-19, era usar a mesma tecnologia para desenvolver um antígeno contra Zika e Chikungunya. Os especialistas, porém, mudaram a estratégia diante da emergência de saúde disparada pela Covid-19.

Espera-se que o pedido de autorização de ensaios clínicos, como são chamados os estudos com voluntários, à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ocorra entre o fim de 2021 e começo de 2022.

Neste primeiro momento, em um grupo reduzido, será avaliada a dosagem do imunizante e sua segurança em humanos.


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