Prefeito foi eleito com um sonho, mas sua primeira obra foi a ampliação do cemitério

  • Cláudia Canelli
  • Publicado em 12 de abril de 2021 às 12:00
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Prefeitos eleitos com sonhos de prosperidade já perdem noites de sono em busca de soluções para evitar a proliferação do coronavírus

Prefeito fica frustrado de ser uma cópia de Odorico Paraguaçu e ter de ampliar o cemitério

“Não era o que eu queria, mas [a ampliação do] cemitério da cidade está sendo a minha primeira obra. Ele está pequeno. Muitas pessoas estão falecendo num curto espaço de tempo.”

O lamento é de Cícero José Fernandes do Carmo, prefeito de Alcantil, município de pouco mais de 5 mil habitantes no interior da Paraíba.

Aos 29 anos, o bacharel em direito, empresário e pecuarista ocupa um cargo eletivo pela primeira vez.

No último boletim divulgado pela prefeitura de Alcantil, datado de 7 de abril, a cidade somava 260 casos confirmados, com 28 ativos. As oito mortes decorrentes do coronavírus ocorreram neste ano.

“Abalou muito a cidade”, diz o prefeito. “De uma semana para cá, estão aumentando muito os casos. Eram sempre cinco ou seis ativos. Agora estamos no momento mais grave desse vírus.”

Para piorar, a cidade não conta com hospital, apenas um posto de saúde. Carmo diz estar fazendo “das tripas coração com o dinheiro que tinha em caixa” para construir uma “ala covid” na unidade de atendimento de saúde.

“Para que os pacientes recebam os primeiros-socorros [separadamente]”, explica. “Hoje quem está doente vai ao posto e contamina outros pacientes.”

“O desafio é grande. Em cidade pequena, o prefeito é tudo: tem de ser psicólogo, um pouco médico, um pouco professor. Morador à noite quando adoece liga para mim”, conta ele.

“Está sendo um desafio grande. Eu não imaginava que seria assim.”


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