Homicídios de crianças e adolescentes por arma de fogo aumentam 113,7%

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 13 de agosto de 2018 às 20:32
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:56
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Levantamento foi feito pela Fundação Abrinq e divulgado nesta segunda-feira, 13 de agosto

Entre 1997 e 2016, em média, cerca de nove mil
menores de 19 anos morreram, por ano, vítimas de homicídios no Brasil, segundo
levantamento feito pela Fundação Abrinq, com base nos dados do Sistema de
Informações Sobre Mortalidade (SIM).

Se analisados os últimos cinco anos do período, o
número passa de 10 mil mortes anualmente. Em 2016 foram registrados 11,6 mil
homicídios de crianças e adolescentes no país.

O número é 75,1% superior ao contabilizado em 1997,
quando foram registrados 6,6 mil casos.

Quando analisados somente o
número de mortes de menores de 19 anos por arma de fogo, o aumento é de 113,7%,
de 4,2 mil em 1997 para 9,1 mil em 2016.

Mortes por armas de fogo no Brasil de menores de 19
anos

1997 – 4,2 mil

2016 – 9,1 mil

Homicídios de menores de 19 anos

1997 – 6,6 mil

2016 – 11,6 mil

Para Heloísa Oliveira, administradora-executiva da Fundação Abrinq, os
dados mostram que a violência faz parte do cotidiano das crianças e
adolescentes que vivem na periferia das grandes cidades brasileiras.

Na última semana, dois adolescentes foram mortos por armas de fogo na
Grande são Paulo. Os dois casos de latrocínio aconteceram em regiões periféricas
na Região Metropolitana e ocorreram mesmo após as vítimas terem entregue seus
celulares, que eram o alvo do assalto.

A Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança e do Adolescente analisou
também os homicídios de menores de 19 anos ocorridos em oito unidades da
Federação, entre 2014 e 2016: Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Minas
Gerais, Pará, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo.

Na região Sudeste, Rio de Janeiro e Espírito Santo são os estados com
maior incidência e tendência de aumento no número homicídios de crianças e
adolescentes.

Nas demais regiões, foi verificada a mesma tendência de crescimento no
Pará e Pernambuco. Distrito Federal e no Ceará apresentam tendências de queda.

Já São Paulo e Minas Gerais, embora proporcionalmente a quantidade de
casos em números absolutos seja alta, as taxas são relativamente baixas.

As estatísticas mostram que o extermínio da população de crianças e
adolescentes é maior entre indivíduos de cor preta ou parda.

Em todo Brasil, o percentual de homicídios de menores de 19 negros (que
inclui pretos e pardos) em 2016 foi de 76,6% enquanto que a taxa entre brancos
19,1%.

O estado da federação onde observa essa diferença com maior intensidade
foi Pará, com taxa de 92,8% entre os negros e de 5,7% entre os brancos.


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